Foto: Marcelo Camargo
O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada no domingo (29), que a desnutrição flagrada recentemente entre os Yanomamis é um problema “recorrente” há duas décadas e que a responsabilidade pela atual situação do povo indígena não deve ser atribuída ao estado, mas sim aos governos federais anteriores.
“Tenho 260 escolas em comunidades indígenas. Eles querem ser advogados, professores, médicos. Eu acho correto. Eles [indígenas] têm que se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho. Eles têm que estar lá com condição, com estrada, escola, posto de saúde, fazendo agricultura deles, produzindo macaxeira, farinha”, disse o governador.
Denarium é conhecido por defender o garimpo e chegou a recomendar que os indígenas explorem suas próprias terra, citando como exemplo os cassinos e hotéis construídos em reservas nos Estados Unidos.
“Imagine você desempregado, pobre, passando fome, doente. Dentro da sua casa tem um quadro do Picasso que vale US$ 1 bilhão. O que você faria? Venderia. Aí pega o dinheiro e melhora sua qualidade de vida. Igual aos indígenas americanos”, afirmou. “Os cassinos nos EUA ficam todos dentro de área indígena. Os hotéis de luxo próximos a Nova York ficam todos dentro de área indígena. Os indígenas ganham royalties”.
O governador defendeu ainda que as 50 mil famílias que dependem do garimpo em Roraima não podem ficar desempregadas. De acordo com ele, as terras no estado são ricas em minérios e têm “a tabela periódica inteira”.
Denarium justificou a desnutrição dos Yanomamis dizendo que outros locais do Brasil também sofrem com o mesmo problema.