
O governo de São Paulo intensificou as operações contra bebidas falsificadas após o aumento dos casos de intoxicação por metanol no país. Desde segunda-feira (29), mais de 7 mil garrafas foram apreendidas em festas universitárias, bares e adegas da capital e do interior. A medida faz parte do gabinete de crise criado para conter a contaminação causada pelo uso ilegal da substância, altamente tóxica ao organismo humano.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 41 pessoas foram presas desde o início do ano, sendo 19 apenas na última semana. Em um dos locais fiscalizados, as autoridades encontraram produtos adulterados associados à morte de um consumidor. A Secretaria de Saúde de São Paulo confirmou 14 casos de intoxicação, dois deles fatais, enquanto outros 148 seguem sob investigação.
Em nível nacional, o Ministério da Saúde contabiliza 195 notificações, com 14 confirmações e 13 mortes — uma delas em São Paulo. Os demais casos estão distribuídos por Pernambuco, Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O ministério iniciou a distribuição emergencial de etanol farmacêutico, principal antídoto para o tratamento da intoxicação por metanol, com o envio de 580 ampolas para cinco estados.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o governo já adquiriu 12 mil novas unidades do antídoto e 2,5 mil de fomepizol, outro medicamento usado no tratamento. “Estamos atuando em tempo real para garantir que os antídotos cheguem aos pacientes e que os protocolos sejam seguidos em todo o país”, disse. A mobilização envolve secretarias estaduais, hospitais universitários e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
A Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária (RNLVISA) também foi acionada para acelerar diagnósticos, com o Lacen-DF, o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) já em operação. A Anvisa mapeou 604 farmácias de manipulação aptas a produzir etanol farmacêutico e identificou sete laboratórios internacionais com capacidade de fornecer fomepizol.
Autoridades alertam que o maior risco está nas bebidas vendidas sem procedência e nas festas informais, onde não há controle sanitário. Em meio à crise, o Ministério da Saúde reforça a orientação de evitar o consumo de bebidas de origem duvidosa e de buscar atendimento médico imediato em caso de sintomas como visão turva, náusea, tontura e confusão mental.