Governo Bolsonaro contratou empresa de “laranja” para obras no presídio de Mossoró (RN)

Atualizado em 21 de fevereiro de 2024 às 21:49
Penitenciária Federal de Mossoró (RN). Foto: Divulgação/Depen

O governo Bolsonaro contratou uma empresa “laranja” para realizar obras de manutenção dentro da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), onde dois detentos ligados ao Comando Vermelho (CV) fugiram no último dia 14. A informação foi publicada pelo Estadão nesta quarta-feira (21).

O dono da empresa, cujo faturamento anual é de R$ 195 milhões, recebeu Auxílio Emergencial durante a pandemia de Covid-19 e mora em uma periferia de Brasília.

O contrato foi assinado em abril de 2022, durante a gestão de Anderson Torres no Ministério da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL), e prorrogado em abril do ano seguinte.

Os contratos foram estabelecidos por meio dos setores responsáveis pelos presídios no ministério, sem a participação direta dos ex-titulares da pasta.

Havia mais de uma obra em andamento no presídio de Mossoró, mas ainda não se sabe qual delas facilitou a fuga dos criminosos.

Em nota, o Ministério da Justiça informou que acionará “os órgãos competentes federais para que seja realizada rigorosa apuração referente à lisura da empresa citada”. A pasta ainda destacou que, na assinatura do contrato em 2022, a empresa atendeu a todos os requisitos técnicos, apresentou todas as certidões de conformidade e cumpriu todas as suas obrigações até então.

A R7 Facilities, com sede em Brasília, foi contratada para realizar obras de manutenção no presídio por R$ 1,7 milhão. Segundo balanços de 2023, a empresa possui R$ 353 milhões em contratos ativos com os setores público e privado.

O sócio-administrador da empresa é Gildenilson Braz Torres, de 47 anos. Conforme o Estadão, ele é um técnico de contabilidade e recebeu 12 parcelas do Auxílio Emergencial.

Ainda segundo o jornal, Gildenilson reside em uma residência simples na região periférica do Riacho Fundo, no Distrito Federal, e não soube dar informações sobre a operação da empresa.

Gildenilson, que é cobrado na Justiça por não pagar uma dívida de R$ 8.338,10, afirmou ter um escritório de contabilidade no Núcleo Bandeirante. Entretanto, não há qualquer menção à R7 no local ou nas redes sociais.

Antes de Gildenilson, a empresa estava no nome de Wesley Fernandes Camilo. Foi o bombeiro civil quem assinou o contrato com o antigo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), atual Senappen, em 2022.

Wesley atualmente trabalha como brigadista em um hospital particular de Brasília, com renda mensal de R$ 4 mil.

Segundo o Estadão, o bombeiro civil mora numa casa em Ceilândia, uma das regiões mais pobres do Distrito Federal. Ele tem um carro avaliado em R$ 111 mil, que está registrado em nome da R7 Facilities.

O bombeiro civil afirmou que comprou a empresa milionária sem desembolsar nada. Segundo ele, a companhia foi repassada com créditos não recebidos e ele trabalharia para recuperá-los.

O fundador da empresa é Ricardo Caiafa, um empresário de Brasília. Ele afirmou que decidiu vender a empresa devido às dificuldades no mercado. A transação foi intermediada por um advogado, que conduziu a negociação com Wesley.

Caiafa afirmou não ter mais ligação com a R7. Ao contrário dos novos proprietários, ele reside em uma casa no Lago Sul, um bairro conhecido por sua alta renda per capita no Brasil.

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