Governo Bolsonaro tira R$ 90 milhões de famílias pobres para comprar tratores para aliados

Atualizado em 23 de maio de 2022 às 6:35
Os tratores e o governo Bolsonaro. Foto: Divulgação/Wikimedia Commons

O governo Bolsonaro usou cerca de R$ 90 milhões do dinheiro que deveria ter sido direcionado para famílias pobres que sofreram com o impacto da pandemia da Covid-19 para comprar tratores. Os equipamentos agrícolas passaram a servir como método político para atrair parlamentares.

Os veículos foram adquiridos pelo Ministério da Cidadania, de acordo com informações da Folha de S.Paulo. O objetivo da compra era agradar famílias de extrema pobreza da zona rural.

O governo Bolsonaro comprou 247 equipamentos no final de 2021, não tendo definido quais cidades seriam beneficiadas. Ou seja, não teve nenhum critério técnico apresentado pela gestão bolsonarista.

A compra das máquinas agrícolas agora é responsável por enorme crise na gestão bolsonarista. Isto porque políticos aliados usaram o orçamento secreto para direcionar os equipamentos para suas bases eleitorais. O problema que agora tem o dedo do governo federal.

Em março, o ex-ministro João Roma assinou a portaria 755, mas não deu nenhuma publicidade para a medida.

“O objetivo específico do MAG-SAN é prover a infraestrutura mecânica para famílias inscritas no CadÚnico e que possuam domicílio rural, com vistas à estruturação das atividades produtivas e contribuir para o incremento da renda e do patrimônio no âmbito dos programas e ações que compõem o Sisan, especialmente por meio do Programa Fomento Rural”, afirma a portaria.

O professor Silvio Porto, da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), explicou que o investimento é incoerente com o que é realmente necessário para as famílias do CadÚnico que vivem nas zonas rurais do país.

“Há dispersão dessas famílias no município, o espaço agrícola que elas têm para produzir é muito pequeno [para uso dos maquinários]. Mesmo que houvesse espaço, há muitas outras coisas para fomentar a produção alimentar”, comentou ele, que é diretor de sistemas alimentares e agroecologia do Instituto Fome Zero.

“O fato é que se trata de uma ação totalmente descabida. Claramente são politicagens sem conexão com a realidade”, acrescentou.

O estado mais beneficiado foi a Bahia, estado de João Roma, que é pré-candidato ao governo estadual. Ele negou as irregularidades.

O problema que a pasta ignorou um pedido da área técnica que pedia a transferência de recursos diretos para atender 45 mil famílias de extrema pobreza.

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