
O governo brasileiro decidiu barrar os Estados Unidos da reunião “Democracia Sempre”, que será realizada em Nova York na próxima semana, às margens da Assembleia-Geral da ONU. O encontro, criado por Brasil e Espanha, reunirá cerca de 30 países, incluindo Uruguai, Colômbia, Chile, Alemanha, França, Canadá e México, além de representantes da União Europeia e do secretário-geral da ONU, António Guterres. As informações são da Folha de S. Paulo.
No ano passado, os EUA haviam sido convidado para participar da reunião. Desta vez, porém, o Brasil vetou a presença norte-americana. Segundo uma fonte do governo, a justificativa é que o país, sob a atual gestão de Donald Trump, não atende aos critérios democráticos exigidos para integrar o grupo, já que tem questionado processos eleitorais e até a democracia brasileira.

A cúpula terá como eixos principais a defesa da democracia, o combate à desigualdade e à desinformação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve participar das discussões, acompanhado do chanceler Mauro Vieira. O Palácio do Planalto vê o encontro como parte da estratégia de política externa para reforçar alianças multilaterais em torno de valores democráticos.
Em julho, Lula esteve em Santiago, no Chile, em uma edição do mesmo encontro. Na ocasião, os líderes divulgaram um comunicado conjunto reafirmando o compromisso com a defesa da democracia, o multilateralismo e ações para enfrentar as causas estruturais que enfraquecem instituições democráticas.
A exclusão dos EUA ocorre em meio a tensões entre Brasília e Washington. O governo brasileiro tem manifestado preocupação com a guinada extremista da gestão Trump e com declarações de aliados do presidente norte-americano que colocaram em dúvida a legitimidade das eleições brasileiras.
O evento também é visto como uma tentativa do Brasil de reforçar sua liderança internacional em temas de democracia e governança global. Para o Itamaraty, a mensagem é clara: apenas países considerados comprometidos com a democracia terão assento no grupo “Democracia Sempre”.