Governo condena ameaça da Casa Branca de usar força militar contra o Brasil

Atualizado em 9 de setembro de 2025 às 21:47
Os presidentes do Brasil, Lula, e dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) condenou nesta terça-feira (9) a declaração de representantes dos Estados Unidos sobre a possibilidade de uso de “poder militar” em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). O posicionamento foi divulgado em nota oficial pelo Ministério das Relações Exteriores.

“O governo brasileiro condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia”, afirmou o Itamaraty. O texto rebateu as falas da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que justificou a hipótese como uma forma de “defender a liberdade de expressão” em escala global.

Na nota, o ministério destacou que “o primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas”. Segundo a pasta, os três Poderes da República não se intimidarão “por qualquer forma de atentado à nossa soberania”.

O Itamaraty também repudiou, sem citar nomes, a atuação de forças políticas internas que buscam apoio estrangeiro para pressionar instituições brasileiras. O recado foi interpretado como referência às articulações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem buscado respaldo do governo norte-americano em defesa do pai.

Desde o início do ano, os Estados Unidos anunciaram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sanções contra autoridades do país. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, tornou-se alvo direto dessas medidas e já consta na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, legislação americana voltada a punir supostos violadores de direitos humanos.

A nota reforça a posição do governo Lula em defesa do sistema democrático brasileiro e ocorre em um momento de forte tensão política e diplomática, em meio à análise da responsabilidade criminal de Bolsonaro e de aliados por tentativa de golpe de Estado.