O estado de São Paulo enfrenta um cenário alarmante com o registro de 23 mortes por feminicídio somente em março deste ano, de acordo com dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) nesta quinta-feira (25). Esse número representa um aumento significativo em relação ao mesmo período do ano anterior, com 5 óbitos a mais em comparação a março de 2023.
O levantamento trimestral também revela uma tendência preocupante, com 16 casos adicionais de feminicídio em comparação com o mesmo período do ano passado. O governo estadual identifica a falta de denúncia como o principal obstáculo para reverter esse cenário sombrio: ou seja, a culpa é das vítimas.
Segundo a SSP, muitas vítimas ainda relutam em denunciar seus agressores, sendo a dependência econômica e emocional um dos principais motivos que as impedem de buscar ajuda.
Adriana Liporoni, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher, enfatiza a importância crucial das denúncias para combater o feminicídio. Ela ressalta que o medo muitas vezes silencia as vítimas, mas apenas através da denúncia é possível identificar e intervir nos casos de violência doméstica.
“É um silêncio que mata. Às vezes, a mulher tem medo de morrer se denunciar, mas só denunciando que conseguimos saber que existe um problema ali e agir”, destaca a delegada.
Liporoni também destaca as medidas implementadas em prol da proteção das mulheres em São Paulo. Desde o ano passado, os agressores podem ser monitorados com tornozeleiras eletrônicas, garantindo a proteção física e social das vítimas. Caso haja qualquer tentativa de aproximação por parte do agressor, a Polícia Militar é imediatamente acionada. Desde o início do projeto, 22 indivíduos foram detidos.
Para efetuar uma denúncia, as vítimas podem recorrer a uma das 140 Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) distribuídas pelo estado, utilizar o aplicativo SP Mulher, que oferece serviços de proteção desde a denúncia até o botão do pânico, ou buscar uma cabine Lilás, programa desenvolvido pela Polícia Militar para dar suporte às vítimas de violência doméstica, com atendimento disponível 24 horas.