
O governo do presidente Lula (PT) avalia que a pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para incluir Jair Bolsonaro (PL) nas negociações bilaterais tem travado qualquer avanço no diálogo entre os dois países, conforme informações do Globo.
Em Brasília, auxiliares de Lula afirmam que a insistência americana em colocar o ex-presidente no centro das conversas cria um impasse diplomático e alimenta o pessimismo sobre uma solução a curto prazo.
Na próxima quarta-feira (14), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentará mais uma investida. Ele terá uma reunião com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, para pedir a ampliação da lista de produtos brasileiros que não serão atingidos pela sobretaxa de 50% imposta por Washington desde 6 de agosto. Apesar da expectativa, integrantes do Planalto reconhecem que a chance de avanço é baixa.
A tensão se intensificou após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretar prisão domiciliar a Bolsonaro. Segundo fontes do governo, há preocupação de que os EUA adotem novas sanções contra Moraes, seus familiares e outros magistrados da Corte.
Para o Planalto, o processo eleitoral brasileiro virou um fator central nas relações com Washington. A percepção é que Trump, mirando as eleições brasileiras de 2026, busca favorecer Bolsonaro ou outro candidato alinhado à sua agenda política.
Lula, por sua vez, tem deixado claro que só aceitará uma conversa por telefone com Trump se houver compromisso da Casa Branca de que Bolsonaro não será tema da negociação. Essa condição, segundo autoridades brasileiras, já foi comunicada repetidas vezes aos norte-americanos, mas ainda não foi atendida.
