
A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada na segunda-feira (4) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), já estava prevista em planos do governo dos Estados Unidos.
Segundo o colunista Lourival Sant’Anna, da CNN, o Departamento de Estado norte-americano elaborou com antecedência um roteiro de ações políticas e diplomáticas a serem adotadas em resposta a cada nova medida imposta pelo STF ou pelo Palácio do Planalto.
De acordo com Lourival, esse plano vinha sendo preparado havia pelo menos duas semanas. As sanções previstas incluem a ampliação da aplicação da Lei Magnitsky — já utilizada contra Moraes — para atingir outros ministros do Supremo que votaram a favor de restrições a Bolsonaro e ao uso de redes sociais.
As punições preveem bloqueio de bens nos Estados Unidos, inclusive em bancos, e podem alcançar instituições associadas aos alvos das medidas.
Além das ações jurídicas, o governo Trump considera a retirada de vistos de entrada para autoridades do primeiro escalão do governo Lula, excetuando o próprio presidente, a primeira-dama Janja da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Um endurecimento maior poderia afetar também a embaixadora brasileira em Washington e até os brasileiros em geral, com a imposição de uma taxa de US$ 500 para renovação de vistos ou mesmo a suspensão temporária de concessões.
Segundo Sant’Anna, o presidente Donald Trump enxerga paralelos entre o tratamento judicial sofrido por Bolsonaro e os processos que ele próprio enfrentou nos EUA. O objetivo da Casa Branca é usar esse alinhamento para reforçar o discurso de que a esquerda, tanto no Brasil quanto nos EUA, é autoritária, e que ele representa a verdadeira defesa da liberdade.
Logo após a decisão de Moraes, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado publicou uma nota em tom duro nas redes sociais, afirmando: “Deixem Bolsonaro falar! Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impõe prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que auxiliarem e forem cúmplices da conduta.”
O ministro Alexandre de Moraes, já sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua usando as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia. Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender…
— Bureau of Western Hemisphere Affairs (@WHAAsstSecty) August 5, 2025