Governo e Centrão se unem contra tarifaço de Trump e isolam bolsonaristas

Atualizado em 14 de julho de 2025 às 5:22
Lula com boné “O Brasil é dos brasileiros”. Imagem: reprodução

Após semanas de tensão entre o governo Lula e o Centrão por conta do aumento do IOF, Planalto e aliados do Congresso decidiram unificar o discurso em defesa da economia brasileira diante da ameaça de tarifaço imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A aproximação isola bolsonaristas que ainda defendem a anistia como condição para evitar as tarifas a partir de 1º de agosto. As informações são de O Globo.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirma que “já ampliou o leque de apoio ao governo, aproxima setores econômicos refratários, desgasta, como nunca, o bolsonarismo e refaz a relação harmoniosa entre Poderes”. Ainda assim, líderes do PP, MDB, União e PSDB acreditam que o alinhamento é passageiro e que o Planalto precisa consolidar pontes com o Congresso, deixando de lado o discurso de enfrentamento.

O líder do PSD no Senado, Otto Alencar, criticou a postura bolsonarista: “O que me chama atenção é essa capacidade de entreguismo. Eles colocam o boné do Trump e, ao mesmo tempo, se enrolam na bandeira do Brasil. É a definição de oportunismo”.

Parlamentares bolsonaristas, defensores da anistia aos golpistas do 8/1, ficaram isolados após o tarifaço de Trump.
Foto: Bruno Spada/ Câmara dos Deputados

Além do impasse sobre o IOF, o governo enfrenta desafios no Congresso, como a votação do projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental e a PEC da Segurança. A tramitação da Reforma Tributária também marcou um momento de aproximação entre Executivo e Centrão, liderado por Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.

A disputa se acirrou quando o ministro Haddad aumentou o IOF sem avisar o Congresso, provocando retaliação que culminou na derrubada do decreto. Alexandre de Moraes deve intermediar uma conciliação no STF. O avanço do projeto de licenciamento ambiental deve representar derrota para Marina Silva, enquanto outros ministérios veem benefícios para destravar obras.

Por fim, a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil também deve avançar nas comissões, mas a perda de receita preocupa o relator Arthur Lira. A proposta deve gerar renúncia fiscal de R$ 27 bilhões.