Governo inabilita Fundação Roberto Marinho e pede R$ 54 milhões de volta. Por Jotabê Medeiros

Atualizado em 26 de julho de 2021 às 20:37

Publicado originalmente no FAROFAFÁ

Por Jotabê Medeiros

Projeto dos arquitetos Diller, Scofidio + Renfro para o Museu da Imagem e do Som (MIS), no Rio

O Ministério do Turismo editou nesta segunda-feira, 26 de julho, uma portaria na qual inabilita por três anos a Fundação Roberto Marinho para a captação de recursos públicos e cobra a devolução de R$ 54 milhões ao Fundo Nacional de Cultura (FNC), referentes ao montante aplicado na construção do Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro, na Praia de Copacabana. A portaria nº 32 confirma reportagem do FAROFAFÁ da semana passada que noticiou o confronto entre a cultura do governo Bolsonaro e a Fundação Roberto Marinho, um dos maiores captadores de recursos incentivados do País – o estopim foi a reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Premiado projeto do escritório norte-americano de arquitetura Diller, Scofidio + Renfro, o Museu da Imagem e do Som (MIS) é uma obra do governo do Estado do Rio de Janeiro e está com a conclusão de sua construção parada desde 2016. No último dia 7, o governador Cláudio Castro anunciou triunfalmente o retorno das obras e a reinauguração para 2023. “É uma grande alegria anunciar a retomada das obras do MIS em uma data tão simbólica. Inspirado nas curvas do calçadão do bairro, o museu será mais um ponto turístico em um dos famosos cartões-postais do mundo. Essa obra é mais uma das ações e dos projetos para a recuperação do turismo e a universalização da cultura. O Rio de Janeiro precisa voltar a ocupar o lugar de protagonista que sempre teve”, disse o governador, que é aliado de Jair Bolsonaro, ao jornal O Globo.

Segundo informou o jornal Extra, cerca de 70% das obras físicas do MIS do Rio já estão concluídas. Até hoje foram investidos, de acordo com o governo estadual, R$ 79 milhões de recursos públicos e R$ 50,3 milhões captados pela Fundação Roberto Marinho junto à iniciativa privada. Os recursos para concluir o projeto, agora, viriam dos cofres do estado, mas a operacionalização de todo o projeto é da Fundação Roberto Marinho, e a sanção do Ministério do Turismo pode inviabilizar a retomada.

O governo do estado divulgou que pretende lançar em até 90 dias sete editais de licitação, no valor total de R$ 52 milhões, para concluir o MIS, projetando sua reabertura para o início de 2023.

Além dos Museus da Língua Portuguesa, do Museu da Imagem do Som, Casa das Rosas, Museu de Arte de Belo Horizonte, Museu do Futebol e do Museu do Amanhã, a Fundação Roberto Marinho já captou R$ 223 milhões para obras e atividades culturais tão distintas quanto a iluminação e o som do Convento de São Francisco, restauro do Planetário, Memorial Jorge Amado, Casa do Poeta de Araxá, Casarão de Padre Cícero, Muralhas do Bairro do Recife, Cristo Redentor, Retiro dos Artistas, livros e oficinas de toda natureza. A retaliação do governo Bolsonaro é um ato de violência e configura também censura, pela via do cerceamento econômico.