
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanha com apreensão a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de deslocar forças aéreas e navais para o Mar do Caribe Meridional. Segundo Washington, a medida visa enfrentar supostas ameaças de cartéis de drogas latino-americanos. A operação ocorre em paralelo à viagem da presidente do México, Claudia Sheinbaum, à Guatemala, e já provoca tensões diplomáticas na região.
Para auxiliares do Planalto, a movimentação é preocupante “em qualquer circunstância”, especialmente diante da hipótese de tropas estrangeiras se aproximarem do território brasileiro. Até o momento, as informações recebidas em Brasília têm origem na imprensa internacional, sem comunicação oficial direta de Washington ao Itamaraty.
O principal alvo da iniciativa americana seria a Venezuela, governada por Nicolás Maduro. Recentemente, Trump anunciou o aumento da recompensa pela captura do presidente venezuelano para US$ 50 milhões, alegando ligações dele com o narcotráfico. Em resposta, Maduro afirmou que uma ofensiva contra seu governo “pode significar o fim do império americano”.
O destacamento inclui militares do Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima e da 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, agora alocados ao Comando Sul dos EUA (Southcom). Segundo autoridades de defesa, a movimentação faz parte de um reposicionamento mais amplo que já vem ocorrendo há três semanas.

Entre os recursos enviados, estão um submarino de ataque de propulsão nuclear, aeronaves de reconhecimento P-8 Poseidon, contratorpedeiros e um cruzador de mísseis guiados. A CNN informou que os ativos têm como objetivo reforçar operações contra o tráfico de drogas e conter o governo Maduro, que é considerado ameaça à segurança nacional dos EUA.
Apesar da justificativa americana, em Brasília a interpretação é de que a operação amplia a pressão militar sobre a América Latina e pode afetar a estabilidade regional. A diplomacia brasileira defende que o combate ao narcotráfico não deve ser usado como justificativa para intervenções que, na prática, podem alterar o equilíbrio geopolítico no continente.