Governo Lula descarta adiamento de tarifaço de Trump e pode enviar delegação aos EUA

Atualizado em 23 de julho de 2025 às 6:57
O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, conduz reunião com empresários sobre tarifas de Trump. Foto: Brenno Carvalho

Integrantes do governo Lula (PT) e representantes do setor privado avaliam que as novas sobretaxas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros devem mesmo entrar em vigor em 1º de agosto, como anunciado pela Casa Branca. A possibilidade de adiamento para a abertura de negociações bilaterais está praticamente descartada, a apenas nove dias da aplicação das medidas, conforme informações do Globo.

O governo brasileiro estuda enviar uma delegação oficial a Washington para tentar destravar o diálogo com a gestão de Donald Trump. A missão incluiria autoridades do Executivo, mas ainda não há decisão final.

O movimento leva em conta a visita de um grupo de senadores brasileiros aos EUA, marcada para ocorrer entre os dias 29 e 31 de julho, com o mesmo objetivo, e o tratamento dado ao Brasil pelo republicano.

Segundo negociadores, há conversas informais e reservadas entre representantes dos dois governos, mas o Brasil ainda aguarda resposta a uma carta enviada em 16 de maio, na qual propôs abrir negociação com base em uma lista de produtos.

Para que esse diálogo avance, os EUA precisariam informar quais produtos americanos desejam exportar em maior volume ao Brasil e quais bens brasileiros gostariam de importar sem a sobretaxa. O Itamaraty reforçou a cobrança por uma resposta na semana passada.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

Enquanto isso, a estratégia conjunta entre governo e setor privado segue em duas frentes. De um lado, os negociadores brasileiros insistem na busca por um acordo direto com os EUA. De outro, empresas americanas com investimentos no Brasil ou que dependem de produtos brasileiros devem ser incentivadas a pressionar Washington. Essa abordagem já foi adotada com sucesso por União Europeia, Canadá e México.

Embora a possibilidade de retaliar com aumento de tarifas sobre produtos americanos esteja praticamente descartada, há alternativas em estudo.

Empresários brasileiros temem alta nos custos de produção com a guerra comercial, mas indicam que, se necessário, o governo pode recorrer a medidas no campo da propriedade intelectual, como a cassação de patentes de medicamentos ou o aumento da taxação sobre filmes e livros produzidos nos EUA.

Para fontes com trânsito em Washington, a presença de representantes do governo brasileiro em solo americano é vista como o caminho mais efetivo para retomar o diálogo. Outros países afetados pelo tarifaço de Trump seguiram essa linha, sem aguardar iniciativas formais da Casa Branca via USTR, órgão responsável por acordos comerciais com outros países.