
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou as articulações contra o projeto de lei que prevê anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com informações da Folha de S.Paulo.
Segundo interlocutores do Planalto, deputados e senadores que apoiarem a proposta correm o risco de perder indicações para cargos federais e acesso a emendas parlamentares. A medida foi comunicada a ministros e líderes partidários como parte da estratégia para conter a votação.
O Palácio do Planalto tem como prioridade evitar que a proposta chegue ao plenário da Câmara, cuja pauta depende do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Caso seja levada à votação, o governo promete usar todos os instrumentos disponíveis, incluindo revisão de nomeações e repasses. Aliados de Lula afirmam que a posição sobre a anistia servirá como “divisor de águas” para definir quem realmente compõe a base governista.
As negociações pela anistia ganharam força após a condenação de Bolsonaro pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão. Partidos do centrão e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), têm atuado em defesa do projeto. O União Brasil e o PP anunciaram apoio à proposta e ameaçam desembarque do governo, embora mantenham ministérios e estatais sob seu controle.
Em abril, integrantes do Executivo já haviam cobrado parlamentares da base que apoiaram pedido de urgência para a anistia, mesmo com participação de siglas do governo como PSD, União Brasil e MDB. Em outro episódio, em fevereiro de 2024, o Planalto também advertiu deputados que assinaram pedido de impeachment contra Lula, reforçando que haveria consequências políticas.
Respeitamos a decisão da direção da Federação da UP. Ninguém é obrigado a ficar no governo. Também não estamos pedindo para ninguém sair.
Mas quem permanecer deve ter compromisso com o presidente Lula e com as pautas principais que este governo defende, como justiça tributária, a…— Gleisi Hoffmann (@gleisi) September 2, 2025
A ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) confirmou publicamente que a fidelidade política será critério para manutenção de indicações.
Em publicação nas redes, disse que quem permanecer na gestão deve ter compromisso com Lula e suas pautas, incluindo parlamentares e aliados responsáveis por nomeações na administração direta e indireta. A SRI prepara relatório detalhado das indicações nos estados e em órgãos federais.
Nesta semana, Gleisi convocou ministros de partidos do centro para traçar estratégias contra a anistia. Ela pediu atuação direta junto a líderes partidários e cobrou empenho em projetos prioritários, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Também ficou definido que ministros licenciados do Congresso poderão retomar mandatos para votar contra a proposta, reforçando a mobilização do governo.