De acordo com os documentos apreendidos pela Polícia Federal, o assessor do presidente da Câmara mantinha uma contabilidade do dinheiro desviado no caso dos contratos de kits de robótica para escolas. Nada menos que R$ 650 mil foram destinados a “Arthur”.
Mera coincidência, talvez. O dinheiro podia ser destinado a qualquer outro Arthur.
A folha corrida de Lira é grande. De violência doméstica a enriquecimento ilícito, de lavagem de dinheiro a obstrução de justiça, ele já se envolveu em muita coisa.
No comando da Câmara dos Deputados desde a metade do mandato de Bolsonaro, é agressivo defensor dos interesses do Centrão. Diante de Lula, seu objetivo é manter o Executivo sob cerco, nem que isso signifique impedir o governo de cumprir o programa que foi aprovado pelas urnas. Tal como seu antigo mentor, Eduardo Cunha, Lira está pronto a detonar a democracia para garantir cargos e verbas.
A chapa de Lira começou a esquentar quando acharam uma montanha de dinheiro no cofre de seu assessor. Era a hora de aumentar a pressão contra ele. Mas Lula preferiu protegê-lo, para não atrapalhar as negociações para a aprovação da reestruturação dos ministérios e do arcabouço fiscal.
Há apenas duas alternativas para o governo. Pode ficar com Lira e tentar protegê-lo das investigações – ou pode apertar o cerco e empurrá-lo para a cassação e a prisão, o mais rápido possível.
Caso fique com o presidente da Câmara, das duas, uma. Ou tem medo de que ele seja capaz de destruir o governo antes de cair – e com isso se expõe numa posição de vulnerabilidade extrema. Ou acredita que Lira será grato, demonstrando um desconhecimento absoluto da psicologia deste tipo de personagem.
Para enfrentar Lira, Lula terá que mudar a chave e entender finalmente que o jogo mudou.
São dois os obstáculos principais que o governo Lula enfrenta para pôr em marcha o programa com o qual se comprometeu com o povo brasileiro: Arthur Lira e Roberto Campos Neto. Um chantageia o governo e drena os recursos públicos, em nome dos interesses fisiológicos do Centrão. Outro boicota o crescimento econômico para proteger os rentistas e, também, favorecer o bolsonarismo. Não há boa acomodação com eles. É preciso derrotá-los.