
O governo Lula (PT) está finalizando uma nova política nacional para minerais críticos, enquanto os Estados Unidos manifestam interesse direto nesses recursos estratégicos, conforme informações do Globo.
A medida, em elaboração pelo Ministério de Minas e Energia, é chamada internamente de “Mineração para Energia Limpa” (MEL) e busca ampliar a participação de empresas menores, permitir a emissão de debêntures incentivadas e estimular o mapeamento geológico em território nacional.
Os minerais críticos, como lítio, cobre, silício, grafita e terras-raras, são essenciais para setores como energia renovável, mobilidade elétrica, defesa e alta tecnologia.
Nesta semana, o interesse dos EUA nesses recursos ficou evidente: Gabriel Escobar, encarregado de negócios da Embaixada americana em Brasília, reuniu-se com representantes do setor mineral brasileiro para demonstrar a intenção de acesso aos minérios.
Integrantes do governo e de empresas chegaram a considerar que os minerais poderiam entrar como moeda de troca em meio à disputa comercial envolvendo a tarifa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros.
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Embora o subsolo seja monopólio da União e sujeito a concessões, a simples posse de reservas não garante ao Brasil um papel estratégico global.
“É preciso transformar os recursos em produtos com maior valor agregado”, afirma Jorge Boeira, engenheiro de minas da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Segundo ele, o uso dos minerais como moeda de troca exige um projeto de desenvolvimento claro.
O presidente Lula, em discurso em Minas Gerais, mandou um recado a Washington. “Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, disse. “A única coisa que eu peço ao governo americano é que respeite o povo brasileiro como eu respeito o povo americano.”
Lula diz que "ninguém põe a mão" nos minérios do Brasil. O embaixador interino dos EUA no país disse para empresários que o governo norte-americano estaria interessado em minerais críticos do Brasil.
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— GloboNews (@GloboNews) July 24, 2025
Já Trump segue condicionando a tarifa a uma revisão do tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe, pela Justiça. Ele afirma que o comércio com o Brasil prejudica a economia americana e ainda se queixa da regulamentação das atividades das grandes plataformas da internet.
Dados do MME mostram que o Brasil detém 12,3% das reservas de níquel do mundo, 26,4% de grafita e 94% do nióbio. Em terras-raras, o país possui 19% das reservas globais, mas representa apenas 0,02% da produção. Em lítio, o Brasil responde por 4,9% das reservas e 2,72% da oferta global.