
O Ministério dos Direitos Humanos anunciou, nesta sexta-feira (30), a reabertura da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, uma ação destinada a reconhecer vítimas da Ditadura Militar (1964-1985), indenizar suas famílias e apurar casos de tortura.
A retomada das atividades da comissão foi marcada por um discurso enfático do ministro Silvio Almeida, que destacou o papel crucial do governo Lula na viabilização desse projeto. “A volta da comissão só foi possível graças à união de esforços do governo do presidente Lula”, afirmou o ministro, ressaltando o compromisso de campanha do atual presidente.
A reativação da comissão, porém, precisou superar desafios com militares, segundo a Folha de S.Paulo. Lula aguardou sinais positivos das cúpulas militares antes de autorizar a retomada dos trabalhos, uma decisão que pode reacender tensões entre o governo e as Forças Armadas.
Durante o evento de reabertura, Almeida falou do simbolismo da retomada da comissão em meio a um contexto de repressão ainda presente na memória do país.
“Eu me consolo sabendo que hoje, amigos e amigas, nós estamos reabrindo uma fresta da janela pela qual vai entrar uma réstia de sol, que aquece um pouco a nossa vida e espanta um pouco esse inverno […], e vai iluminar as trevas dos porões e das torturas”, declarou o ministro em seu discurso.
Silvio também fez duras críticas ao governo de Jair Bolsonaro (PL), acusando o ex-presidente de encerrar os trabalhos da comissão de forma “cruel e violenta”. Ele destacou a coerência dessa atitude com a trajetória de Bolsonaro, que publicamente idolatra o coronel Brilhante Ustra, notório torturador durante a ditadura. “Sua atitude foi terrível, cruel e violenta. Mas foi tristemente coerente com a trajetória de quem tem como ídolo um torturador”, disparou o ministro.
Além da reabertura da comissão, o governo anunciou o lançamento de dois memoriais dedicados à Ditadura Militar, reafirmando o compromisso com a memória e a justiça.
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