Governo Lula vai descartar Capelli, o ‘resolvedor de pepinos’ na segurança. Por Leonardo Sakamoto

Atualizado em 11 de janeiro de 2024 às 8:45
Ricardo Capelli. (Foto: Reprodução)

Leonardo Sakamoto

Ricardo Capelli, braço direito de Flávio Dino no Ministério da Justiça, acabou se tornando uma espécie de coringa no primeiro ano do governo Lula na área de segurança pública, sendo enviado para resolver problemas graves. Agora, deve ser descartado com a chegada do ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski.

O que não é nada esperto da parte do governo, ainda mais em um momento em que a segurança pública ganha força nas preocupações da população.

Ricardo Lewandowski. (Foto: Reprodução)

Tentativa de golpe de Estado no 8 de janeiro? Capelli foi indicado como interventor na segurança pública do Distrito Federal e ajudou a colocar ordem na polícia com forte tendência bolsonarista.

O chefe do GSI, general Gonçalves Dias, aparece perdidão em vídeos no Palácio do Planalto no 8/1 e pede demissão? Capelli assume interinamente o Gabinete de Segurança Institucional, com desafio de garantir transição a um órgão com herança bolsonarista deixada pelo antigo chefe, o general Heleno.

Isso sem contar que Capelli teve papel central no plano nacional de segurança pública, organizado por Dino, na articulação com o Rio de Janeiro na atual crise de segurança pública que atinge o Estado envolvendo as narcomilícias, entre outras ações.

Tem a confiança do delegado-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que vem desempenhando um papel importante e deseja paz para trabalhar.

A atuação do secretário-executivo acabou gerando ciumeira, com reclamações de que ele estava por demais nos “holofotes”. Mas isso ocorreu por estar cumprindo missões dada pelo próprio governo. Qual a alternativa? Negar informações ao público ansioso com as crises na segurança ou dar apenas a jornalista que vai fazer elogios, como muitos?

Cogitou-se que Capelli poderia substituir o atual ministro da Justiça, de mudança para o STF. Mas Lula preferiu trazer o ex-ministro aposentado do STF para o Ministério da Justiça. Decisão que cabe a ele até porque, tirando o presidente e seu vice, Geraldo Alckmin, eleitos pelo voto popular, ninguém é insubstituível no governo.

Como indicou Carla Araújo, no UOL, Capelli não vai aceitar ser rebaixado dentro do ministério. E, com isso, deve fazer a transição para um novo secretário-executivo apontado por Lewandowski.

Por mais que o tema de segurança pública tenha uma forte dimensão estadual, Lula será cobrado sim sobre as ações de seu governo em 2026. Seria inteligente por parte da atual administração lembrar-se que aqueles que descascam abacaxis são mais úteis do que os que apenas fazem palestras bonitas sobre frutas.

Originalmente publicado na coluna de Leonardo Sakamoto, no Uol

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