Governo Lula vê como “ilusão” recuo de Trump no tarifaço e prevê novas sanções ao STF

Atualizado em 8 de agosto de 2025 às 6:33
O presidente Lula (PT). Foto: Reprodução

O governo Lula (PT) avalia que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dificilmente irá recuar no tarifaço contra o Brasil e que novas sanções podem ser impostas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), conforme informações do G1.

A leitura interna é de que, apesar de conversas entre autoridades brasileiras e norte-americanas, não existe negociação efetiva em andamento.

Fontes do Planalto afirmam que o Brasil deseja negociar, mas considera “ilusão” esperar avanços concretos no momento. Pesam dois fatores: Trump centraliza todas as decisões sobre a guerra tarifária e seus auxiliares não têm autonomia para propor recuos.

A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros entrou em vigor na quarta-feira (6), afetando cerca de 35,9% das exportações, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Entre os itens atingidos estão carne e café, enquanto produtos como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e fertilizantes ficaram de fora.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

Contato com o governo Trump

Desde abril, quando foi anunciada uma tarifa inicial de 10%, integrantes do governo brasileiro intensificaram contatos com Washington. O vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda) têm se reunido com autoridades norte-americanas, como o secretário de Estado Marco Rubio, o secretário de Comércio Howard Lutnick e o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar. Haddad também deve conversar por vídeo no dia 13 com o secretário do Tesouro, Scott Bessent.

Apesar dessas conversas, auxiliares de Lula afirmam que qualquer mudança nas tarifas dependerá de Trump, que costuma exigir contrapartidas para justificar concessões a seu eleitorado. No caso brasileiro, ele condicionou uma revisão ao fim dos processos contra Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe de Estado e atualmente em prisão domiciliar.

O governo brasileiro descarta atender a essa exigência, por considerá-la uma interferência indevida no Judiciário e um ataque à soberania nacional.

Essa posição também influencia a decisão sobre um possível telefonema de Lula para Trump. A preocupação é que a conversa possa agravar o impasse, caso o norte-americano pressione sobre o STF e receba uma negativa. Lula tem reforçado que o Brasil está aberto ao diálogo para rever o tarifaço, mas “não vai se humilhar diante do presidente norte-americano”.

No Planalto, cresce ainda a preocupação com novas sanções ao STF. O alerta ganhou força após a embaixada americana publicar mensagem ameaçando aliados de Alexandre de Moraes, que decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro.

Na semana passada, Trump sancionou Moraes com base na Lei Magnitsky, que pune estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou corrupção. Antes disso, os EUA já haviam revogado os vistos de Moraes e de outros sete ministros do Supremo.