
O governo da Argentina, chefiado por Javier Milei afirmou que “ainda” não recebeu um pedido oficial de asilo político de Jair Bolsonaro. A resposta foi dada a jornalistas do g1 por uma autoridade ligada ao presidente do país.
Questionado sobre o recebimento do documento encontrado pela Polícia Federal no celular do ex-presidente, o funcionário disse: “Ainda não”. A revelação surge após a PF indiciar Bolsonaro e o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo.
Durante as investigações, a polícia localizou no smartphone do ex-presidente um arquivo editável solicitando asilo político em caráter de urgência. De acordo com a PF, o documento sem data e sem assinatura indica que Bolsonaro planejava deixar o Brasil desde fevereiro de 2024.
O relatório aponta que o objetivo era impedir a aplicação da lei penal, caso fosse condenado por crimes relacionados à organização criminosa e à tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.

As mensagens extraídas do celular também incluíam conversas com o pastor Silas Malafaia e com Eduardo Bolsonaro. Embora apagadas, os registros foram recuperados pelos investigadores e reforçam, segundo a corporação, articulações para coagir ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e dificultar a tramitação dos inquéritos.
“O documento demonstra que as sanções articuladas dolosamente pelos investigados foram direcionadas para coagir autoridades judiciais do STF, com a finalidade de impedir eventual condenação criminal do ex-presidente Jair Bolsonaro e demais réus”, diz trecho do relatório.
O relatório relembra ainda que, em dezembro de 2023, Jair Bolsonaro comunicou ao ministro Alexandre de Moraes que viajaria à Argentina, poucos dias antes da última edição do documento.
A investigação foi aberta em maio, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o órgão, Eduardo buscou apoio nos Estados Unidos para impor sanções contra ministros do STF, enquanto o pai tentava articular uma saída política e jurídica para evitar condenação.