
O governo brasileiro classificou como “ofensiva” a carta enviada por Donald Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e determinou sua devolução à Embaixada dos Estados Unidos. Com informações do Uol.
A decisão foi comunicada nesta quarta-feira (9) pelo Itamaraty, após a confirmação de que o documento, divulgado inicialmente na Truth Social, era autêntico. Gabriel Escobar, encarregado de negócios dos EUA em Brasília, foi convocado pela segunda vez no dia para prestar esclarecimentos.
A carta, segundo o Itamaraty, contém “várias afirmações inverídicas sobre o Brasil” e “erros factuais sobre a relação comercial bilateral”, entre elas a alegação de que os EUA enfrentam um “insustentável déficit” comercial com o Brasil — o que contradiz dados do próprio governo americano, que indicam um superávit de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos. Outro ponto refutado foi a acusação de censura e perseguição por parte do STF contra plataformas americanas e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A embaixadora Maria Luisa Escorel, secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, comunicou formalmente a devolução do documento a Escobar. Em nota, o presidente Lula afirmou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém” e reiterou que “liberdade de expressão não se confunde com agressão”.
O Planalto também lamentou que os EUA “tenham se aliado a quem tentou dar um golpe”, em referência aos ataques de 8 de janeiro e ao julgamento de Bolsonaro, que nega os crimes e será julgado ainda este ano pelo STF.
A Embaixada dos EUA confirmou a reunião, mas declarou que não comentaria conversas diplomáticas privadas. A atitude firme do Itamaraty e do governo Lula sinaliza que o Brasil não aceitará interferências externas em seus assuntos internos, nem justificativas distorcidas para retaliações econômicas unilaterais.