
O Instituto Dakila, conhecido por sua ligação com o caso do ET Bilu, afirmou nesta quarta-feira (8) que foi o Governo de São Paulo, sob gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), quem o procurou para firmar uma parceria sobre o Caminho de Peabiru.
A entidade divulgou nota oficial após reportagem da Folha de S.Paulo revelar o acordo — cancelado em dezembro de 2024 — e acusou a gestão paulista de ter “recuado ao primeiro sinal de pressão midiática”.
O protocolo de intenções entre o Instituto Dakila e a Secretaria de Turismo e Viagens (Setur) foi firmado em junho de 2024, com o objetivo de desenvolver ações ligadas ao Caminho de Peabiru, uma rede de trilhas indígenas pré-colombianas que ligava o litoral brasileiro — na região de São Vicente (SP) — aos Andes, no Peru.
Segundo o comunicado da instituição, o projeto não foi proposto pelo instituto, mas solicitado pelo próprio governo paulista.
“O protocolo de intenções firmado entre o Instituto Dakila e o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Turismo e Viagens, não foi uma iniciativa de Dakila, mas um pedido do próprio governo. Foram as autoridades estaduais que buscaram o instituto, reconheceram seu trabalho e propuseram formalmente a parceria”, diz o comunicado.
A nota também critica a postura da gestão Tarcísio, acusando-a de covardia diante da repercussão negativa: “Ao primeiro sinal de pressão midiática, o mesmo governo que buscou o instituto preferiu recuar. Tentou dar a entender que não sabia dos fatos (…). Tal comportamento revela o medo de sustentar a verdade diante da opinião pública e a falta de firmeza de quem deveria zelar pela seriedade das próprias decisões.”
Governo Tarcísio rebate
A Secretaria de Turismo confirmou o cancelamento do protocolo no dia 30 de dezembro de 2024, alegando “falta de resultados ou avanços sobre a temática”, e afirmou que a decisão ocorreu antes da publicação de qualquer reportagem.
Em nota, a pasta declarou que segue desenvolvendo o Projeto Turístico Rotas do Peabiru, em parceria com os estados do Paraná e Santa Catarina, a Rede Brasileira de Trilhas e municípios paulistas. Um evento previsto para novembro reunirá pesquisadores, gestores e comunidades indígenas para discutir uma agenda comum sobre o tema.
“ET Bilu”
Na assinatura do protocolo, o então secretário de Turismo, Roberto Lucena, chegou a elogiar Urandir Fernandes de Oliveira, fundador do Instituto Dakila e figura associada ao “ET Bilu”: “Você que é meu irmão, que é meu amigo, muito obrigado pela sua amizade.”
Embora o material oficial do governo não mencionasse Ratanabá — cidade supostamente criada por extraterrestres e não reconhecida pela ciência —, o instituto relacionou o projeto à teoria, afirmando que o trabalho fazia parte de um “ambicioso mapeamento histórico” que revelaria “novidades para a ciência mundial”.
Urandir ficou nacionalmente conhecido após uma reportagem da TV Record em que o ET Bilu aparecia pedindo aos telespectadores para “buscarem conhecimento” — frase que se tornou um fenômeno em 2010.