Grande arte ou pornografia?

Atualizado em 12 de junho de 2013 às 19:56

 

A Origem do Mundo, de Courbet

 

 

Agora passemos, por um minuto, a uma discussão de natureza artística.  O quadro acima, de Gustave Coubert, está no Museu d’Orsay, em Paris.

Grande arte ou pornografia?

Para mim, do alto de minha desumana ignorância artística, é a maior celebração à anatomia feminina jamais feita por um pintor.  É um trabalho de 1886, e seu primeiro dono foi um milionário árabe libertino que montou, em Paris, uma coleção de obras dedicadas à nudez das mulheres. O azar no jogo obrigou-o a se desfazer delas para pagar as dívidas. Não se sabe o que aconteceu com o quadro nos anos imediatos; era muito falado e pouco visto. Antes de se incorporar ao d’Orsay, em 1995, a Origem do Mundo pertencia ao psicanalista Jacques Lacan. Segundo o site do d’Orsay, o virtuosismo de Courbet impede que o quadro caia no terreno da pornografia.

Não vejo muita lógica nisso, para ser sincero.  Se ele fosse menos bom então seria pornografia? Apenas gosto, e muito, do quadro. Poucas visões são mais reconfortantes neste mundo grosseiro como um cigano búlgaro do que esta que nos oferece Courbet, exuberante e acolhedora. Mal nenhum pode nos ocorrer enquanto estivermos sob sua proteção.  Courbet era um anarquista, um provocador, um gênio, e incrivelmente parecido com Johnny Depp no papel de pirata do Caribe, como se pode ver em seu auto-retrato, abaixo. Para mim,  A Origem do Mundo é grande arte.  Courbet morreu em 1897, aos 58 anos. Disse ele não muito longe da morte: “Sempre fui livre. Deixem-me terminar a vida livre. Quando eu morrer, que digam de mim: ‘Não pertenceu a nenhuma escola, a nenhum partido, a nenhuma religião, a nenhuma academia, e muitos menos a algum regime exceto o regime da liberdade’.”

Auto-retrato de Courbet