Grandes Personagens da Literatura: Mr. Darcy, de Jane Austen, é o oitavo da lista

Atualizado em 9 de janeiro de 2013 às 13:14
Nós leitoras amamos este homem

Pergunte para cinco mulheres com qual personagem fictício elas se casariam. Quatro delas responderiam sem hesitar: Mr Darcy!

Orgulho e Preconceito foi o segundo livro publicado de Jane Austen e possivelmente o  mais célebre dos que escreveu. Esse sucesso se deve, em parte, ao protagonista, Mr. Darcy, que no cinema e na televisão foi interpretado por galãs como Matthew Macfadyen, Colin Firth e Laurence Olivier.

Todos os personagens masculinos de Jane Austen seriam perfeitamente casáveis. São, em geral, homens agradáveis, honrados e apaixonados. Seria muito difícil escolher um favorito entre Frederick Wentworth, Henry Tilney, George Knightley e Edward Ferrars – talvez porque a fórmula que Jane usou para criá-los seja a mesma, ou muito parecida. Mas entre todos os homens inventados por Jane Austen, Mr. Darcy ocupa um lugar especial.
Várias vezes eu me perguntei a razão do fascínio que ele exerce sobre as mulheres, e essa é uma questão um pouco difícil de ser respondida. “Jane Austen pode rotular seus personagens com termos como sensatez, orgulho, sensibilidade ou preconceito, mas eles não se limitam a essas características”, escreveu  E.M. Forster, ele próprio um grande romancista. Estou fortemente inclinada a concordar com ele.

No início do romance, Mr. Darcy é apresentado como um cavalheiro muito rico e atraente, mas igualmente convencido e antipático. Ele e Mr. Bingley, seu amigo, acabam de chegar a uma cidadezinha inglesa, e são recepcionados com um baile. Enquanto Mr. Bingley dança com várias garotas, conversa com todos e fica encantado com a atenção que lhe é dedicada, Mr. Darcy limita-se a dançar com as duas irmãs do amigo e a  fazer comentários a respeito da falta de elegância e de beleza das pessoas no local. Ao ser incentivado pelo amigo a chamar Elizabeth (a heroína do romance) para dançar, fala friamente, e alto o bastante para que ela o ouça: “É tolerável; mas não tem beleza o suficiente para tentar a mim.”

É um mau começo. Entretanto, no decorrer da narrativa, somos obrigados a gostar dele. Conforme conhece Elizabeth melhor, acaba reconhecendo o quanto estava enganado em relação a ela. A escritora e crítica americana Erin Blakemore  assim o definiu:: “Embora Jane não nos forneça uma descrição completa, é difícil imaginá-lo de qualquer forma exceto terrivelmente atraente, endinheirado e inteligente o suficiente para de fato apreciar Elizabeth, apesar dos sérios receios que sente em relação à família dela, que julga espalhafatosa e inferior.”
Assim como nós leitoras não resistiríamos ao seu charme complexo, Elizabeth também não resiste; após recusar um primeiro pedido de casamento (que até mesmo eu, apaixonada por Darcy, admito que foi uma semipataquada), percebe o quão bem-intencionado seu pretendente é — e, algum tempo depois, aceita se casar com ele.

“Você poderia ter conversado comigo naquele jantar”, diz ela, já depois de estarem noivos. “Um homem menos apaixonado poderia”, responde nosso adorado Mr. Darcy.

Pensando bem, é possível que esse trecho seja o suficiente para responder  à questão inicial posta neste texto — o porquê do entusiasmo que Darcy provoca nas leitoras. A maior parte das mulheres não teria sequer a audácia de recusar um pedido de casamento de Mr. Darcy, temendo que ele não o repetisse. Para Elizabeth, deu certo – mas nós não arriscaríamos.