Grandes Personagens da Literatura: Poirot é o número 7 de nossa lista

Atualizado em 9 de janeiro de 2013 às 13:14
Poirot é Poirot

 

A história é a seguinte: o detetive Hercule Poirot, um ícone dos romances policiais, cuja grandeza literária é comparável apenas à de Sherlock Holmes, está investigando um assassinato cometido durante uma noitada de bridge. Seu problema? As pistas são pouquíssimas. A solução? Comparar as características do crime à personalidade de cada jogador. Isso porque, segundo Poirot, ninguém consegue esconder seu caráter em um jogo de cartas. Cauteloso na mesa, cauteloso na vida; audacioso na mesa, audacioso na vida. E assim, com uma leitura psicológica intensa, ele descobre o assassino.

Admito que se trata de um livro, e neles o detetive (quase) sempre tem sucesso em sua investigação. Ainda assim, é possível tirar muitas lições do personagem belga (não francês!) de Agatha Christie, a maior romancista policial da história. Mais do que um investigador, Poirot é um filósofo e estudioso da natureza humana.

O escritor policial Ronald Knox publicou certa vez uma lista na qual explica as regras dos romances policiais. Há uma dúzia de regras, mas o fato é que a romancista P.D. James foi genial ao definir Agatha Christie como a arquiquebradora de regras. Ela enganou os leitores com audácia tanto em seu sucesso teatral A Ratoeira quanto em um de seus livros mais famosos, O Assassinato de Roger Ackroyd, em que o narrador acaba se revelando o assassino, um engenhoso desafio a todas as regras, embora Agatha Christie tenha fornecido pistas perfeitamente honestas.

Para terminar o texto, seguem minhas nove lições favoritas de Poirot. Elas são úteis para qualquer detetive – e também para o leitor. Com elas, aumentarão sensivelmente suas chances de desvendar os crimes nos livros policiais que você lê:

9 – Em 70% das investigações, haverá um suspeito bronzeado, sedutor, sarcástico e de olhos claros que terá motivos de sobra para ter realizado o assassinato. Ele raramente é o assassino, porque não costuma ser inteligente o suficiente para isso – e no decorrer da história acaba mostrando uma faceta amável e frágil.

8 – Os criminosos geralmente são ou muito tímidos ou muito sedutores.

7 – Nem mesmo os narradores ou os supostos cadáveres estão livres de suspeita.

6 – Para investigar um mistério, você não precisa resignar-se a gelar os pés na lama, a tremer de frio enquanto se queima por dentro – a prudência e o autocontrole são muito mais úteis do que a impulsividade e a energia. Ao correr desgovernadamente atrás de assassinos, você pode derrubar as pobres vendedoras de rua, espalhando as maçãs de seus cestinhos! Investigue de uma poltrona confortável, tomando um bom chocolate quente com marshmallows, deixando que as coisas sigam seu curso.

5- Ninguém consegue esconder a sua personalidade em um jogo de cartas – nem mesmo se o sujeito for mais ardiloso do que três advogados da Filadélfia. Cauteloso na mesa, cauteloso na vida; audacioso na mesa, audacioso na vida.

4 – Uma má reputação nunca foi o bastante para deter as mulheres. Se um homem tiver um excelente caráter, moralidade impecável, se não fizer nada que não se deve fazer… Aí sim teremos dúvida sobre ele. Em suma, qualidades morais não são nada românticas. Por mais que sejam apreciadas pelas viúvas.

3 – Nem mesmo um mestre de disfarces consegue esconder suas manias. Observe a linguagem corporal; uma pessoa pode muito bem pintar os cabelos, escurecer a pele ou fazer uma plástica – mas raramente deixa de roer as unhas ou de amassar o miolo do pão.

2 – Devemos tirar proveito das lições do reino animal. Na dúvida, sempre seja um esquilo – os esquilos armazenam as nozes durante o outono para poder aproveitá-las mais tarde. Faça o mesmo com as pistas.

1 – Há três coisas que não podem ser apressadas: le bon Dieu, a natureza e os velhos.