Greve de fome contra a corrupção

Atualizado em 27 de maio de 2013 às 16:02
Iogue em greve de fome contra a corrupção na Índia

Me incluíram num movimento nascido no Facebook cujo nome é Marcha pela Ética.

É uma coisa interessante – embora menos forte por emanar um certo odor do PSDB.  Quando você reclama ética tem que englobar todos os partidos. As últimas eleições mostraram o quanto é frágil a moral do PSDB. O célebre atentado da bolinha de papel de que foi vítima Serra jogou o PSDB na sarjeta. As palavras cínicas sobre aborto proferidas diante de gente humilde por Monica, mulher de Serra, são simplesmente indefensáveis.

Mas, mesmo que tenha um caráter universal, o fato é que marcha pela ética não leva a nada além de marchas em si.

A Índia tem mostrado um caminho muito mais eficiente. Greves de fome. É tal a corrupção lá – você tem que pagar propina até para tirar carta de motorista, um fato comum também no Brasil, aliás —  que gurus espirituais acabaram entrando em greve de fome em protesto.

No começo de ano veio a primeira, e agora a segunda.  Em ambas, a disposição dos grevistas era ir até o fim. Morrer, se necessário. O objetivo é uma legislação realmente dura. Prisão e até morte, eventualmente, para corruptos.

A primeira greve teve um desfecho relativamente pacífico. A segunda, não. O governo interveio. Dispersou manifestantes. Gente se feriu na confusão.

Greves de fome comovem mais que marchas .

O problema é que faltam pessoas que tenham o perfil desejado para uma greve de fome anticorrupção. Nunca foi tão baixa a qualidade dos líderes religiosos brasileiros e tão intensa sua ecumênica mediocridade. Ou são inexpressivos, no caso dos católicos, os suspeitos eles próprios de corrupção, no caso de tantos evangélicos da linhagem de Edir Macedo. Rabinos, desde Sobel, vivem na planície, não no planalto.

Tudo isso sugere que nosso drama é ainda pior que o da Índia.