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Gritar Fora Bolsonaro não garante nada. Por Gilberto Maringoni

O PRESIDENTE JAIR BOLSONARO (FOTO: EVARISTO SÁ/AFP)

Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor

POR GILBERTO MARINGONI

GENTE, POR FAVOR, GRITAR FORA BOLSONARO NÃO GARANTE NADA

Há quem considere que protocolar na Câmara – com formulário em diversas vias, carimbos e assinaturas – o pedido de impeachment de Bolsonaro seja medida radical. Há gente muito boa com tal concepção.

Contudo, isso significa não examinar corretamente como se formaram as gigantescas mobilizações no Equador e no Chile. Elas começaram com reivindicações concretas, como preço de transportes, aposentadorias, emprego decente etc.

Bolsonaro cairá quando parcelas consideráveis da população tiverem ciência de que seus infortúnios privados são decorrentes de decisões públicas por parte de um determinado autor. Isso está longe de acontecer, por mais que nós – em nossa estimulante bolha virtual – achemos o contrário.

Gritar “Fora Bolsonaro” conforta nossas atormentadas almas, mas nos exime de buscar alternativas reais às dores coletivas de nossos semelhantes em volta.

Sacramentar o impeachment como solução deve levar em conta alguns pressupostos:

1. PODEMOS TER MOURÃO na presidência, com um governo neoliberal muito mais eficiente e capaz de atrair setores centristas,

2. NADA GARANTE que um eventual impedimento de Bolsonaro leve junto Paulo Guedes e seu projeto sulfúrico de destruição nacional. A hegemonia financeiro-privatista nos acompanha desde Dilma II e se aprofundou com Temer. Ela segue impávida. Aí está o poderoso inimigo principal das grandes maiorias a ser efetivamente combatido,

3. QUEM PREGA O IMPEACHMENT precisa urgentemente mudar a terminologia do ocorrido em abril de 2016 nesse canto do universo,

4. PRECISA TAMBÉM admitir que qualquer governo de esquerda que sofrer um processo de impeachment não estará diante de um golpe.

Bolsonaro tem de ser derrotado. Urgentemente! Isso só se dará com mobilizações sociais de grande envergadura. E essas só acontecerão quando milhões de pessoas forem sensibilizadas a entrar em ação por seus problemas reais, materiais e concretos.

É duro. Sofremos duas derrotas sérias, em 2016-18. Não há atalhos ou analgésicos contra elas..

P.S. O Diretório Nacional do PSOL aprovou – por maioria – não adotar a campanha pelo impeachment como centro de sua tática. Agora, grupos em seu interior e parlamentares do partido – que vivem a falar em democracia – vêm a público externar a posição refutada. Um dia ainda vou entender essa peculiar noção de democracia.

Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni, professor de Relações Internacionais da UFABC e candidato do PSOL ao governo de São Paulo, em 2014

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