
O Grupo Ambipar protocolou na noite de segunda-feira (20) um pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A decisão, tomada em caráter de urgência pelo conselho de administração, envolve também a Environmental ESG Participações e suas afiliadas. Segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a medida busca garantir a continuidade das atividades do grupo e preservar empregos, contratos e serviços prestados.
O pedido ocorre após a descoberta de indícios de irregularidades na contratação de operações de swap pela antiga diretoria financeira e a renúncia repentina do diretor responsável.
“A medida também busca assegurar tratamento equitativo aos credores e promover uma reorganização ordenada e transparente, em conformidade com os princípios estabelecidos na Lei nº 11.101/2005, visando resguardar o valor econômico e social do Grupo Ambipar”, afirmou a empresa no fato relevante.
A Ambipar alega que o episódio causou um forte abalo na confiança do mercado e levou alguns credores a antecipar o vencimento de dívidas, o que criou o risco de vencimento cruzado de outras obrigações. Diante desse cenário, a tutela cautelar e o pedido de recuperação judicial foram apresentados como forma de evitar a interrupção das operações e conter um possível efeito dominó sobre as demais empresas do grupo.

O pedido foi feito com o objetivo de reorganizar as finanças e manter a estrutura operacional ativa, segundo o conselho de administração. A companhia afirma que segue prestando normalmente seus serviços nas áreas de resposta a emergências ambientais, gestão de resíduos, consultoria e logística.
“O Grupo Ambipar mantém suas operações normalmente e segue oferecendo serviços de excelência, com segurança, eficiência e confiabilidade, em todos os seus segmentos. Sua força de trabalho permanece plenamente mobilizada sustentando milhares de empregos diretos e indiretos, gerando impacto social e estimulando a atividade econômica”, declarou.
O conselho da empresa também aprovou a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para deliberar sobre a ratificação da decisão de ajuizar o pedido de recuperação judicial. A reunião deverá analisar ainda a instalação de um Conselho Fiscal e a eleição de seus membros. De acordo com o comunicado, a Assembleia da Environmental ESG ocorrerá na mesma data.
Paralelamente, a Ambipar Emergency Response, subsidiária da companhia nos Estados Unidos, entrou com um pedido de Chapter 11, mecanismo equivalente à recuperação judicial no país, com o mesmo propósito de preservar as operações e buscar uma reestruturação ordenada. A empresa ressaltou que o processo estadunidense envolve apenas a Ambipar Emergency Response, não afetando as demais sociedades do grupo.
Com atuação global em mais de 40 países, o Grupo Ambipar vinha expandindo sua presença internacional nos últimos anos, com aquisições em setores de resposta a emergências ambientais, gestão de crises e transporte de resíduos. As suspeitas sobre as operações financeiras, porém, impactaram diretamente a credibilidade do grupo junto a investidores e credores.