
A Polícia Federal (PF) identificou que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fazia parte de um grupo de WhatsApp composto por oficiais superiores da ativa que defendiam um golpe de Estado.
A Folha de S.Paulo identificou seis dos 12 militares presentes no grupo. São eles coronéis e tenentes-coronéis formados pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) entre 1993 e 2000 e que, atualmente, ocupam cargos de comando e assessoria parlamentar do Exército.
O grupo é intitulado “Dosssss!!!” e possui, como imagem de perfil, um desenho de dois bonecos, um chutando o outro, com a frase em inglês “cuidado: isso é Esparta” —uma referência ao filme “Os 300 de Esparta”. As mensagens, descobertas durante perícia realizada pela PF no celular de Cid, são do período entre 27 de novembro de 2022 e 4 de janeiro deste ano.
O coronel Gian Dermario da Silva, comandante do Centro de Instrução de Operações Especiais, é um dos mais críticos do grupo.
Nas mensagens, o militar diz que o Exército poderia ter atuado “há muito tempo” nas áreas de Operações Especiais, Inteligência, Contra-Inteligência e Operações Psicológicas “dentro da legalidade” para “minimizar esses impactos”. Ele comentava a notícia de que os oficiais-generais escolhidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iriam tomar posse no comando das Forças ainda em dezembro.
Na sequência, perguntado sobre o que pensava que poderia resolver a situação, Gian responde: “Uma ação por parte do PR e FA, que espero que ocorra nos próximos dias”, em referência ao então presidente Bolsonaro e as Forças Armadas.
O coronel Marcio Nunes de Resende Junior, atualmente lotado no Estado-Maior do Exército, é um dos defensores do golpe militar no grupo. “Se Bolsonaro acionar o 142, não haverá general que segura as tropas. Ou participa ou pede para sair”, disse.
Já em janeiro, o coronel enviou novas mensagens no grupo de WhatsApp. Ele comentava que o nível de insatisfação dentro do Exército era tão grande que seria inviável para a Força ou o Judiciário punir todos que se manifestassem contra o novo governo.
Outro militar, cujo contato é salvo por Mauro Cid como “Ferreira Lima”, ponderou após as mensagens de Márcio. “Ninguém aqui está combinando tomar o poder… são apenas opiniões. Se não se pode dar opiniões, então até os Comandos já aceitaram ser subjugados …”, escreveu. “Ainda nem é possível avaliar o efeito de tudo isso na força”, acrescentou.
Em outro momento, o coronel Felipe Guimarães Rodrigues, atual assessor parlamentar do Exército no Senado, disse: “Outros bravateiros…não conseguiram deter uma fraude eleitoral clara dentro do território deles !!!”.
Apesar de ser integrante do grupo, Mauro Cid não aparece nas trocas de mensagens reproduzidas no relatório da Polícia Federal.