Destaques

Grupo Prerrogativas: “Merval diz que julgamento de Lula no STF é político. Este é o problema: tem que ser técnico”

Merval e os Originais do Samba

O grupo Prerrogativas rebateu mais um artigo de Merval Pereira:

Nada surpreendente, Merval saiu da toca. Merval é previsível.

Useiro e vezeiro de fazer pressão no Supremo Tribunal – lembremos que ele ficou meses dizendo que, se o STF julgasse a favor da presunção da inocência, mais de 160 mil bandidos seriam soltos – agora Merval acusa o Grupo Prerrogativas de fazer “pressão” sobre a Suprema Corte.

Ora, Merval “revelou” uma estratégia que estaria sendo feita por Fachin para dar uma reviravolta no julgamento da suspeição de Moro. Ao fazer isso, cria clima de forte pressão sobre a Corte e sobre o próprio Ministro Fachin.

Agora que diversos integrantes deste Grupo denunciaram a manobra de Merval, ele busca se beneficiar de sua própria torpeza, naquilo que em direito (que não é a área de Merval) chamamos de venire contra factum proprium (comportamento contraditório).

É como o sujeito que mata os pais e depois, no júri, pede clemência por ser órfão. Definitivamente, o pressionador não tem espelho retrovisor. Tem espaço diário para lançar narrativas inverídicas e ficcionais.

Merval é como o Navah do velho testamento: especialista em “dar existência a coisas que não existem”.

Constrangeu a sociedade e a comunidade jurídica – e a Suprema Corte – espalhando o pânico em relação à decisão sobre presunção da inocência. Nunca desmentiu. Nunca se arrependeu. Como Moro não se arrepende do que fez.

Mais.

Tão logo a segunda Turma do STF decidiu pela suspeição de Moro, Merval e outros jornalistas espalharam a narrativa de que o STF teria usado prova ilícita para tal, quando, na verdade, o STF nem necessitou lançar mão dos diálogos arrasadores da promiscuidade entre Moro e Procuradores.

Agora volta suas baterias para salvar Moro e o que resta da lava jato. Para isso, retoma a operação “narrativa a qualquer custo”, invocando até mesmo “a consciência dos ministros”, como se um julgamento da Corte não dependesse da lei e da Constituição.

Sem espelho retrovisor, aponta o seu dedo, esquecendo que quando Paulo fala de Pedro, está falando, mesmo, de Paulo. Ou melhor, quando Merval fala do Prerrô, está mesmo falando de Merval.

Aqui caberia um dilema – e não um paradoxo – do tipo Tostines: Merval quer salvar Moro porque cumpre uma missão de grupos interessados politicamente no deslinde da causa ou cumpre uma missão de grupos interessados para salvar Moro?

A resposta é simples: Merval quer salvar Moro porque cumpre uma missão. Uma tarefa. Merval é um bom soldado.

Muito ilustrativo que os jornais de hoje, às vésperas da decisão do dia 14, noticiam que não há como autenticar os diálogos haqueados.

Qual é a motivação da notícia, se a suspeição nada teve a ver com esses diálogos? Se “pressionar” tem algum conceito, basta que se leia as colunas de Merval e o noticiário sobre os diálogos. Simples assim.

No Brasil de Merval, juiz suspeito é coisa normal. No Brasil de Merval, não importam o direito e a Constituição.

Afinal, no “seu Brasil”, os fins – que ele sabe muito bem quais são – justificam qualquer meio, mesmo a custo de condenações feitas por meio de uma coisa jamais vista na história: ao mesmo tempo o juiz foi incompetente e suspeito. Na verdade, incompetente porque sempre foi suspeito. É a escolha do dilema Tostines.

PS:  Merval, na tarde de hoje, nos fez rir sem travas ao afirmar o que sempre denunciamos como uma verdadeira e afrontosa aberração. Disse, em caixa alta, que o julgamento de Lula é político.

Ora, o que sempre pedimos, e ele sabe bem, é que o julgamento seja técnico. Técnico como deve ser em relação a qualquer réu em um Estado de Direito.

Para o Lula, e para o Merval inclusive, desejamos que se cumpra a lei. Nada muito sofisticado para se entender.

Com um julgamento técnico, e mesmo sem formação jurídica, Merval há de reconhecer, Moro será inevitavelmente declarado incompetente exatamente por ter sido parcial.

Em um julgamento político, talvez, se feche os olhos para isso… Eis a questão.

Como já disseram os Juristas Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, José Carlos Dias, Belisário dos Santos Jr e Alberto Toron, “todo mundo deve ter direito a um juiz competente e imparcial” .

Ou não?

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

Disqus Comments Loading...
Share
Published by
Kiko Nogueira

Recent Posts

José Mujica anuncia que tem tumor no esôfago: “Veremos o que acontece”

O ex-presidente uruguaio José Mujica, de 88 anos, revelou em entrevista coletiva nesta segunda-feira (29)…

50 minutos ago

DCM Ao Meio-Dia: Ex-diretor da PRF diz que Bolsonaro também deveria estar preso; Madonna e Samara Felippo

AO VIVO. Kiko Nogueira e Pedro Zambarda fazem o giro de notícias. Entrevista com o…

1 hora ago

Empresário admirador de Musk patrocina evento com Moraes em Londres

O empresário Alberto Leite, conhecido por sua admiração por Elon Musk, patrocinou um evento em…

2 horas ago

Dono de Porsche é denunciado por homicídio doloso e lesão corporal

O Ministério Público de São Paulo denunciou Fernando Sastre de Andrade Filho, 24 anos, por…

3 horas ago

Operação Mensageiro prende prefeito e vice de cidade em Santa Catarina

A 5ª fase da Operação Mensageiro, deflagrada nesta segunda-feira (29), resultou na prisão do prefeito…

3 horas ago

Pais de aluna acusada de racismo contra filha de Samara Felippo retiram da escola

Os pais de uma das alunas que foi suspensa por tempo indeterminado da escola particular…

3 horas ago