Guarda Costeira dos EUA deixa de classificar suástica como símbolo de ódio

Atualizado em 20 de novembro de 2025 às 20:19
Guarda costeira dos EUA

A Guarda Costeira dos EUA passou a classificar suásticas e forcas como “símbolos potencialmente divisionais”, diz o Washington Post.

As diretrizes da Guarda Costeira sobre “comportamento de assédio”, que entram em vigor em 15 de dezembro, passaram a rotular como “potencialmente divisivos” esses símbolos e também “bandeiras cooptadas ou adotadas por grupos de ódio”.

Antes, a instituição abria investigação como “incidente de ódio” quando tais sinais eram exibidos.

“Sinais e bandeiras potencialmente divisivos incluem, mas não se limitam a: uma forca, uma suástica e quaisquer símbolos ou bandeiras cooptados ou adotados por grupos baseados no ódio como representações de supremacia, intolerância racial ou religiosa, ou outros vieses”, diz a norma atualizada.

O documento afirma que exibir esses emblemas ainda pode motivar investigações por assédio, mas não serão mais reconhecidos incidentes de ódio como uma categoria específica de má conduta.

A Guarda Costeira reformulou políticas “para se alinhar às mudanças de tolerância do governo Trump para trotes e assédio dentro das Forças Armadas dos EUA”, diz o Washington Post. A Guarda Costeira é subordinada ao Departamento de Segurança Interna, liderado pela secretária Kristi Noem.

Autoridades do governo Trump contestaram rapidamente a reportagem, apesar de o documento ser público.

“As afirmações de que a Guarda Costeira dos EUA não classificará mais suásticas, forcas ou outras imagens extremistas como símbolos proibidos são categoricamente falsas”, disse o almirante Kevin Lunday, comandante interino.

“Esses símbolos foram e continuam sendo proibidos na Guarda Costeira. Qualquer exibição, uso ou promoção será investigada e severamente punida. A instituição mantém seu compromisso com um ambiente seguro, respeitoso e profissional. Símbolos como suásticas, forcas e outras imagens racistas ou extremistas violam nossos valores”.

Tricia McLaughlin, secretária-assistente do Departamento de Segurança Interna, também negou a reportagem em publicação no X.

A Liga Antidifamação (ADL), organização que combate o antissemitismo, reagiu afirmando que a suástica “não tem lugar em qualquer ambiente de trabalho ou nas Forças Armadas — jamais”.

A imagem da suástica usada pela Alemanha nazista “tornou-se um dos mais significativos e notórios símbolos de ódio, antissemitismo e supremacia branca”, segundo a ADL. A forca é um símbolo historicamente associado a linchamentos de pessoas negras nos EUA.

“A forca tornou-se um dos símbolos visuais mais fortes dirigidos contra afro-americanos, comparável à suástica para os judeus”, afirmou a ADL.

O deputado Bennie Thompson, democrata do Mississippi, também reagiu no X. “Suásticas e forcas não são ‘potencialmente divisionais’, são representações de genocídio e linchamento”, escreveu.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.