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“Guedes não é mulherzinha” – A lacrada desnecessária de Manuela D’Ávila. Por Nathalí Macedo

 

Paulo Guedes, mas pode chamar de Tchutchuca

O assunto da semana na internet e nos bastidores do catastrófico Governo Bolsonaro foi o piti de Paulo Guedes ao ser chamado de “tchutchuca” pelo Deputado Zeca Dirceu durante a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que discutia a reforma da Previdência.

O deputado petista disse que Guedes é “tigrão” com os aposentados, agricultores e professores, e “tchutchuca” com a turma mais privilegiada do país e seus amigos banqueiros (risos).

E tá errado? Inclusive ótima metáfora funkística (que faz referência ao saudoso Bonde do Tigrão, sensação de 2001).

Na ocasião, o Ministro ficou irritadíssimo e gritou com cólera (e com o microfone desligado): “TCHUCHUCA É A SUA MÃE E A SUA AVÓ!!!”

Ah, o governo dos adultos!

Estava tudo muito divertido até resolverem problematizar. Mais especificamente, até Manuela D’ávila resolver problematizar.

Revoltadíssima com a piada, ela fez textão no Instagram. “Não tem graça nenhuma porque nós mulheres não somos mais fracas nem somos responsáveis por essa desgraça de governo.”

Pelo amor de deus.

É por isso que nem a esquerda suporta mais a esquerda – ou ao menos essa nova esquerdx cerveja artesanal que paga $100 em um canudo de alumínio e substitui as vogais por X.

É muita problematização chique. É muita sede de lacração. É muita falta de senso de humor.

Oficialmente, perdemos a capacidade de rir, a alegria e a fé no deboche, e eu não conheço receita mais certeira para o fracasso do que essa.

Em que momento alguém disse que mulheres são responsáveis por essa desgraça de governo – um governo que, todos sabem, sequer inclui as mulheres? O que, aliás, uma coisa tem a ver com a outra?

Chamar um coroa carrancudo e antiquado de “tchutchuca” é engraçado pelo simples fato de ele ficar putíssimo com isso. Ponto. Vamos deixar de zoar um Ministro inimigo do povo com um termo tirado de um funk carioca porque isso é “machista”?

É verdade que Zeca Dirceu usou “tchutchuca” como sinônimo de doçura e delicadeza, e “tigrão” como sinônimo de vilania, mas e daí? É o fim do mundo? Vale mesmo essa revolta toda, ou o textão foi só pela lacrada?

Num governo caótico e num momento delicadíssimo em que a esquerda precisa urgentemente resistir às investidas ultraconservadoras e enfim se reinventar, onde afinal encontram tempo para procurarem chifre na cabeça de piolho?

O país em vias de um colapso e vocês aí inventando lacrada desnecessária sem pé nem cabeça?

Dá licença.

Nathalí Macedo

Escritora, roteirista, militante feminista, mestranda em Cultura e Arte. Canta blues nas horas vagas.

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Nathalí Macedo

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