PUBLICADO NO TIJOLAÇO
POR FERNANDO BRITO
Quem ouviu Jair Bolsonaro dizer que, apesar de “problemas pontuais”, Paulo Guedes permaneceria à frente da economia até o final deste governo. estranhou a declaração, vinda do nada, de que o ministro estava “prestigiado”, como se diz no futebol.
Mais tarde, surgiu a história – segundo o Congresso em Foco – de que o “Posto Ipiranga” teria entregue o cargo e sido convencido a ficar por Bolsonaro e pelo general Augusto Heleno, sob o argumento de que sua saída “liquidaria” o governo.
Embora isso seja uma verdade – pela política selvagem de Guedes nossas elites aceitam tudo – , a cada dia mais isso vai se degradando, por razões políticas e econômicas.
O governo perdeu a interlocução política com o Congresso, o que se expressa – com a grosseria de sempre – no “foda-se” com o que o General Augusto Heleno brindou os parlamentares, ontem, sem saber que sua declaração seria captada pelas câmeras que transmitiam um evento no Palácio.
Mas, sobretudo, Guedes viu dissolver-se o infundado otimismo que se propagou no final do ano passado e, ainda que poucos o digam, o país caminha para o que, numa visão muito otimista, será uma estagnação.
As percepções mais agudas veem Guedes, agora, num paralelo com Sérgio Moro, guardadas as distâncias.
Ficam como “fiadores” de Bolsonaro perante as matilhas, uma política, outra econômica.
Ambos, porém, ruminando seus ódios.
No seu blog, o grupo de operadores da XP Investimentos – os queridinhos do mercado, hoje – diz-se que
Hoje, o grupo do ministério avalia que Bolsonaro não pode prescindir do ministro – e que ele sabe disso. A esperada reação do mercado à possibilidade de saída de Guedes é vista pelo time da Economia como mais um elemento que deve fortalecer essa percepção no presidente.”(…)
Por ora, segue o casamento – como gosta de dizer o Presidente Bolsonaro. Porém, nossas incursões nos bastidores de Brasília, dão conta de que é fato: a paixão acabou.
Como no futebol, o que vale são os pontos. O favorito do mercado, até agora, não conseguiu sair do empate. E já não põe medo nos agentes políticos que se derretiam por ele.