Guerra de Bolsonaro contra vacina reforça necessidade da “medicina sem partido”. Por Fernando Brito

Atualizado em 10 de novembro de 2020 às 11:37
Presidente Jair Bolsonaro durante posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria (Crédito: Alan Santos/PR)

Originalmente publicado por TIJOLAÇO

Por Fernando Brito

A tomada do Estado brasileiro por gente sem espírito público e dominada por fundamentalismos e ódios políticos reflete-se dramaticamente na grave crise sanitária causada pela Covid 19.

Há cinco dias a contagem de casos e óbitos no Brasil está artificialmente baixa por uma estranha pane no sistema de registros do Ministério da Saúde. Aliás, já que o problema se dá por Estados, supõe-se que os estados possuam as totalizações e, como são apenas 27 (26 + DF), não há lógica em não se poder fazer o total fora do sistema eletrônico.

A uma semana das eleições, é bem conveniente que os casos e mortes sejam “baixados” artificialmente para tirar o tema da pauta política.

Mais estranha ainda é a suspensão dos testes da vacina chinesa, no mesmo dia em que se relata o sucesso de uma vacina norte-americana, por conta de um óbito ocorrido há dez dias e que o Instituto Butantã, responsável pelos experimentos, diz que não tem nenhuma relação com o teste imunológico.

É provável que, da reunião que seus cientistas estão tendo com a Anvisa bolsonarista, dirigida por um almirante, sejam restabelecidos os testes. O estrago na credibilidade da vacina está feito.

Mas nem isso pode acontecer, já que Jair Bolsonaro comemora a morte do voluntário como “mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.

Para completar o quadro, o cientista Jair Bolsonaro posta no Twitter as suas conclusões sobre os “testes” da Nitazoxanida, um vermífugo conhecido comercialmente como Anitta, como medicação para o vírus:

o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (…)encontrou a Nitazoxanida como remédio de reposição, cientificamente demonstrado no tratamento precoce da covid que reduz a carga viral.”

Providências práticas para que o país tenha acesso a todas as vacinas em desenvolvimento, independente de sua origem, não temos, apesar dos esforços do Butantã e da Fiocruz.

A saúde virou área de manobra política e “ideológica”.