Guerra entre CV e milícia no Rio deixou mais de 680 mortos em 2 anos

Atualizado em 1 de novembro de 2025 às 9:06
Carros queimados após operação na favela Vila Cruzeiro, no complexo da Penha, Rio de Janeiro, em 28 de outubro de 2025. Foto: AFP

A guerra entre o Comando Vermelho (CV) e milicianos na Zona Oeste do Rio de Janeiro deixou 684 mortos entre 2023 e 2024, segundo denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentada no processo da Megaoperação Contenção.

O documento indica que a expansão da facção pela região de Jacarepaguá provocou uma média de um homicídio por dia nos últimos dois anos.

De acordo com a denúncia, o Comando Vermelho ampliou sua presença em comunidades antes controladas por milícias, em áreas como Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Itanhangá e Vargens, formando o que o MPRJ chama de Complexo de Jacarepaguá. O avanço territorial da facção é apontado como a principal causa do aumento da violência e dos confrontos armados na região.

O documento também contextualiza a disputa por território, destacando que a facção iniciou sua ofensiva a partir das comunidades da Gardênia Azul e da Cidade de Deus, utilizando vias de acesso estratégicas para expandir o domínio sobre outras áreas vizinhas.

Denúncia, prisões e mortes

O MPRJ denunciou 69 pessoas por associação para o tráfico, apontando a atuação direta de integrantes do Complexo da Penha na coordenação do avanço do CV pela Zona Oeste. A denúncia ainda cita uma reportagem do G1, publicada em 5 de fevereiro de 2025, como base para reforçar o quadro de homicídios registrados no período.

Durante a Megaoperação Contenção, realizada na última terça-feira (28), 113 pessoas foram presas e 121 morreram, entre elas quatro policiais civis e militares. A operação é considerada a mais letal da história do país.

Vista aérea mostra dezenas de pessoas deitadas lado a lado no meio de uma rua, cercadas por um grupo maior de manifestantes em pé. Três ambulâncias laranjas estão estacionadas próximas, e há veículos e construções ao redor. A cena ocorre em área urbana durante o dia.
Corpos de mortos em massacre no Rio de Janeiro, na última terça (28). Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress