
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, elevou ainda mais a tensão diplomática ao anunciar na sexta-feira (26) que abriu uma convocação para voluntários dispostos a se alistar e lutar em Gaza. Em um discurso em Nova York, onde participou da Assembleia Geral da ONU, o líder colombiano afirmou que considera urgente uma mobilização internacional em defesa do povo palestino e disse que ele próprio estaria preparado para se unir ao combate.
Petro, que se apresenta como um dos críticos mais duros da ofensiva israelense no território, voltou a classificar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de “genocida”. Na fala, defendeu que diferentes nações e “civilizações” formem uma frente armada em apoio à Palestina.
“É o momento da ação. Falarei na Colômbia para abrir a lista de voluntários colombianos e colombianas que queiram ir lutar pela libertação da Palestina”, declarou, usando um lenço tradicional palestino.
O presidente colombiano acrescentou que não temia se envolver diretamente. “Se o presidente da República da Colômbia tiver que ir para esse combate não me assusta, já estive em outros, então eu vou”, disse, em referência ao seu passado como militante da guerrilha urbana M-19, grupo com o qual rompeu nos anos 1990 ao ingressar na política institucional.
"Se é a vez do Presidente ir ao combate para libertar a Palestina, eu vou!"
Gustavo Petro convoca povos do mundo à luta armada para libertar a Palestina, afirma que abrirá lista de voluntários na Colômbia e diz que participará pessoalmente do combate: "Não tenho medo!". pic.twitter.com/PIRH7dgNwG
— FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) September 27, 2025
Ainda em Nova York, Petro se uniu a milhares de manifestantes pró-Palestina em uma marcha que contou com a presença do músico Roger Waters, ex-integrante do Pink Floyd. O ato reforçou sua aproximação com vozes críticas a Israel no cenário internacional.
Paralelamente, a delegação colombiana na ONU deixou o plenário durante o discurso de Netanyahu, com a vice-presidente Francia Márquez levantando o punho em gesto de protesto.
A Delegação da Colômbia não só saiu do Plenário na hora da fala do Netanyahu como saiu fazendo gesto de resistência. pic.twitter.com/ZHwsMIwY8R
— Pedro Ronchi 🇧🇷 (@PedroRonchi2) September 27, 2025
No sábado (27), a crise ganhou um novo desdobramento. Os Estados Unidos anunciaram a revogação do visto de Petro, em reação às suas declarações e à participação na marcha em Manhattan. O presidente colombiano respondeu que Washington violou o direito internacional ao puni-lo por denunciar o que considera um genocídio.
“Eu não tenho mais visto para viajar aos Estados Unidos. Não me importo. Não preciso de um visto, porque não sou apenas colombiano, mas europeu, e realmente me considero uma pessoa livre no mundo”, afirmou em rede social.
Em seu discurso de rua, Petro chegou a pedir que soldados americanos desobedecessem às ordens do presidente Donald Trump em relação a Israel e defendeu a criação de uma força armada global “maior que a dos Estados Unidos” para libertar os palestinos. O governo israelense nega reiteradamente as acusações de genocídio e argumenta que age em legítima defesa.
🇨🇴🇺🇸 Veja o discurso do presidente colombiano Gustavo Petro que fez os Estados Unidos revogarem o seu visto.
Petro disse que a ONU deveria criar um “Exército da Salvação do Mundo” para libertar a Palestina e pediu que soldados americanos desobedeçam ordens de Trump, obedeçam à… https://t.co/Y2XLNNAFcZ pic.twitter.com/Ka3hpZao24
— Eixo Político (@eixopolitico) September 27, 2025