Gustavo Petro anuncia convocação de voluntários colombianos para Gaza: “Momento da ação”

Atualizado em 27 de setembro de 2025 às 15:51
Gustavo Petro esteve presente em um evento em apoio à Palestina, realizado em Nova York. Foto: Divulgação

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, elevou ainda mais a tensão diplomática ao anunciar na sexta-feira (26) que abriu uma convocação para voluntários dispostos a se alistar e lutar em Gaza. Em um discurso em Nova York, onde participou da Assembleia Geral da ONU, o líder colombiano afirmou que considera urgente uma mobilização internacional em defesa do povo palestino e disse que ele próprio estaria preparado para se unir ao combate.

Petro, que se apresenta como um dos críticos mais duros da ofensiva israelense no território, voltou a classificar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de “genocida”. Na fala, defendeu que diferentes nações e “civilizações” formem uma frente armada em apoio à Palestina.

“É o momento da ação. Falarei na Colômbia para abrir a lista de voluntários colombianos e colombianas que queiram ir lutar pela libertação da Palestina”, declarou, usando um lenço tradicional palestino.

O presidente colombiano acrescentou que não temia se envolver diretamente. “Se o presidente da República da Colômbia tiver que ir para esse combate não me assusta, já estive em outros, então eu vou”, disse, em referência ao seu passado como militante da guerrilha urbana M-19, grupo com o qual rompeu nos anos 1990 ao ingressar na política institucional.

Ainda em Nova York, Petro se uniu a milhares de manifestantes pró-Palestina em uma marcha que contou com a presença do músico Roger Waters, ex-integrante do Pink Floyd. O ato reforçou sua aproximação com vozes críticas a Israel no cenário internacional.

Paralelamente, a delegação colombiana na ONU deixou o plenário durante o discurso de Netanyahu, com a vice-presidente Francia Márquez levantando o punho em gesto de protesto.

No sábado (27), a crise ganhou um novo desdobramento. Os Estados Unidos anunciaram a revogação do visto de Petro, em reação às suas declarações e à participação na marcha em Manhattan. O presidente colombiano respondeu que Washington violou o direito internacional ao puni-lo por denunciar o que considera um genocídio.

“Eu não tenho mais visto para viajar aos Estados Unidos. Não me importo. Não preciso de um visto, porque não sou apenas colombiano, mas europeu, e realmente me considero uma pessoa livre no mundo”, afirmou em rede social.

Em seu discurso de rua, Petro chegou a pedir que soldados americanos desobedecessem às ordens do presidente Donald Trump em relação a Israel e defendeu a criação de uma força armada global “maior que a dos Estados Unidos” para libertar os palestinos. O governo israelense nega reiteradamente as acusações de genocídio e argumenta que age em legítima defesa.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.