Há uma pessoa mais deprimida que Marina com a ascensão de Aécio: José Serra

Atualizado em 4 de novembro de 2014 às 12:54
Eles
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Datafolha e Ibope trazem a notícia de que Aécio Neves ultrapassou Marina Silva nas intenções de voto. Petistas e pessedebistas consideram que este será o encontro do segundo turno.

Marina sente o golpe a essa altura, mordendo os dentes enquanto faz o célebre papel de vítima. Nada esconde seu estado de nervos.

Agora, há outro político mais desanimado do que ela com a arrancada de Aécio: José Serra.

Fica desde já eternizada no anedotário político nacional a falta de empenho de Serra na campanha do colega de partido à presidência. Uma boa alma poderia dizer que ele está ocupado demais com a corrida ao Senado (aliás, deve ser eleito no domingo).

Até a morte de Campos, Serra chegou a aparecer, juntamente com Alckmin, em um ou outro evento da agenda do presidenciável tucano. Depois foi cuidar da vida.

No debate do SBT, chegou apenas no intervalo para o segundo bloco. Bateu um papo rápido com alguns repórteres e se aboletou na plateia. (Suplicy, para efeito de comparação, queimou o couro cabeludo do lado de fora do estúdio enquanto não chegava a comitiva de Dilma).

No confronto seguinte, na Band, Serra simplesmente não apareceu. Sumiu. Escafedeu-se. No da Globo, também deu W.O..

Um retrato de seu desprezo está nas redes sociais. No Twitter, JS tem mais de um milhão de seguidores. Não há um mísero post a favor de Aécio. Um.

No Facebook (192 mil curtidas), há o registro seco de um passeio no bairro da Liberdade em julho: “Estive hoje com Aécio, Geraldo Alckmin e Aloysio no 17º Festival do Japão, em São Paulo. Acolhida simpática e calorosa.” Beijo me liga.

Não é segredo para ninguém que Serra e Aécio (e Geraldo), se pudessem, se dariam o tratamento dispensado pelo Estado Islâmico aos inimigos capturados. O ódio é recíproco e antigo e os ataques são conhecidos.

Em 2009, houve o famoso artigo de um articulista do Estadão ligado a Serra, chamado “Pó pará, governador”. Em 2010, Aécio era tido como a grande esperança branca para ajudar o candidato à presidência José Serra. Não levantou um dedo.

Aécio não esteve sequer no lançamento do livro de JS, “50 anos Esta Noite”, em julho.

A torcida mal disfarçada pelo fracasso aecista faz parte de um cálculo. Eleito para o Senado, Serra volta a ter força para disputar o Planalto em 2018. Com o sucesso de Aécio, a situação se complica. Sem contar que ele terá de encarar Alckmin, que será reeleito governador de SP.

O que se vê hoje entre Serra e Aécio reproduz, de certo modo, o que ocorreu há quatro anos. Aécio se elegeu senador em Minas. Nem os santinhos tinham o retrato do Careca.

Na terra dos Neves, José Serra teve 41,55% dos votos, inferior à média nacional, e Dilma obteve 58,45%. Num eventual segundo turno, Aécio sabe com quem não poderá contar.