
O hacker Walter Delgatti afirmou em depoimento à Polícia Federal que o relatório das Forças Armadas sobre o processo eleitoral de 2022 foi baseado em suas “explicações”. O documento foi encaminhado pelo Ministério da Defesa ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 9 de novembro.
“O declarante não poderia ir até lá, sendo que tudo que foi colocado no Relatório das Forças Armadas foi com base em explicações do declarante”, diz relatório da PF sobre o depoimento de Delgatti. A revelação ocorreu depois de o hacker relatar que o ex-presidente Jair Bolsonaro perguntou se ele “conseguiria invadir a urna eletrônica”.
A auditoria feita pelos militares não identificou qualquer fraude na disputa de 2022, mas o documento levantou uma série de especulações e fez recomendações ao tribunal. “Não é possível afirmar que o sistema eletrônico de votação está isento da influência de um eventual código malicioso que possa alterar o seu funcionamento”, diz o relatório.
O Ministério da Defesa, então chefiado pelo general Paulo Sérgio Oliveira, afirmou que técnicos militares fizeram uma fiscalização paralela nas eleições presidenciais e que ela “não excluiu a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas”.
Delgatti foi preso nesta quarta (2) pela Polícia Federal. Ele ficou famoso após a Vaza Jato, que acessou mensagens do Telegram de procuradores da operação Lava Jato. O hacker já havia sido detido em 2019, durante a Operação Spoofing, por “organização criminosa que praticava crimes cibernéticos”.