Haddad acredita em abertura dos EUA para negociar tarifaço e prepara plano de contigência

Atualizado em 29 de julho de 2025 às 17:17
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, em entrevista nesta terça-feira. Foto: reprodução

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (29) que há sinais de que o governo dos Estados Unidos está disposto a discutir o aumento de tarifas para produtos brasileiros, conhecido como “tarifaço”. A medida, anunciada pelo presidente estadunidense Donald Trump, imporia uma sobretaxa de 50% sobre as importações do Brasil a partir de sexta-feira (1º).

“O Brasil nunca abandonou a mesa de negociação. Eu acredito que, nesta semana, já há algum sinal de interesse em conversar. E há uma maior sensibilidade de algumas autoridades dos Estados Unidos de que, talvez, tenha se passado um pouquinho e, que, queiram conversar. Alguns empresários estão fazendo chegar ao nosso conhecimento de que estão encontrando maior abertura lá”, disse Haddad a jornalistas.

Enquanto busca avançar nas negociações, o governo brasileiro prepara um plano de contingência caso as tarifas sejam efetivamente aplicadas.

“Eu não sei se vai dar tempo até o dia 1º [de concluir as negociações]. Mas o que importa não é essa data. Não é uma data fatídica. É uma data que pode ser alterada por eles, pode entrar em vigor e nós nos sentarmos e rapidamente concluirmos uma negociação. Mas está ficando mais claro agora os pontos de vista do Brasil em relação a alguns temas, que não eram de fácil compreensão por parte deles”, disse o ministro.

“Estamos muito confiantes que preparamos um trabalho que vai permitir ao Brasil superar esse momento. O evento externo não foi criado por nós, mas o Brasil vai estar preparado para cuidar das suas empresas, dos seus trabalhadores, e ao mesmo tempo se manter permanentemente na mesa de negociação buscando racionalidade, buscando respeito mútuo”, afirmou o ministro.

Questionado sobre a possibilidade de medidas emergenciais para proteger empregos, como ocorreu durante a pandemia de Covid-19, Haddad confirmou que a opção está sendo avaliada.

“Dentre os vários cenários, há lei que estabelece esse tipo de… [programa]. Mas não sei qual o cenário que o presidente vai optar, por isso que eu não posso adiantar as medidas que vão ser adotadas por ele. Como são vários cenários, todo tipo de medida cabe em algum deles. Mas quem vai decidir a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data é o presidente [Lula].”

Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o aumento das tarifas pode afetar cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para os EUA, responsáveis por aproximadamente 3,2 milhões de empregos no país.

Haddad não descartou que a data de início da sobretaxa possa ser alterada ou que, mesmo aplicada, possa ser revista após negociações.

No dia 9 de julho, Trump enviou uma carta a Lula anunciando a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, alegando motivos políticos e comerciais. No dia 23, o presidente estadunidense reforçou que a medida atingiria países com os quais os EUA têm relações “não boas”, incluindo implicitamente o Brasil.

O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, confirmou no domingo (27) que as tarifas entrarão em vigor em 1º de agosto, “sem prorrogações”.