
O ministro Fernando Haddad afirmou nesta sexta-feira (31) que líderes do crime organizado não vivem em comunidades do Rio de Janeiro, citando locais como Miami e Portugal. Ele disse que a Receita Federal levantou informações durante a Operação Carbono Oculto, que apurou ligações do PCC com o setor de combustíveis e o mercado financeiro. O ministro indicou que há dados também sobre o Comando Vermelho.
“Estão morando em Miami, morando em Portugal, morando em outro canto”, declarou.
Haddad declarou que o governador Cláudio Castro estaria desinformado sobre o funcionamento do crime organizado no estado. Ele destacou que combustíveis seriam uma das principais fontes de financiamento das organizações. Segundo o ministro, decisões recentes do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça contrariaram medidas adotadas pelo Rio de Janeiro nesta semana:
“Me parece que o governo do Rio não estava informado adequadamente a julgar pelas ações, pelas medidas que tomaram, que foram contrariadas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça essa semana”.
O Haddad colocou o dedo na ferida! Pq será que o grupo político do Cláudio Castro votou contra o projeto que ajudaria a tirar o dinheiro do Comando Vermelho? pic.twitter.com/txhJ4zbHYW
— Reimont (@Reimont) October 31, 2025
O chefe da Fazenda afirmou que pretende formalizar em lei a Delegacia de Combate ao Crime Organizado, que funciona na estrutura da Receita desde 2023. Ele explicou que a instituição encontra crimes tributários e não tributários durante fiscalizações e tem a obrigação de encaminhar os demais às autoridades estaduais e federais. Como exemplo, citou a Operação Fronteira, que encerrou 15 dias de ações com 27 prisões.
Na mesma operação, foram apreendidos 213 mil litros de bebida, 3,5 toneladas de drogas e 600 quilos de cocaína, com o apoio de governos estaduais e órgãos federais. Haddad afirmou que não houve mortes nessas ações. Na operação Contenção, deflagrada pelas polícias do Rio na terça-feira (28), as autoridades confirmaram 121 óbitos.
O ministro disse que a Procuradora-Geral da Fazenda Nacional já entrou em contato com a Procuradoria-Geral do Rio para compartilhar informações sigilosas. Ele pediu apoio de Castro ao projeto que tributa devedores contumazes, ligando essa prática à lavagem de dinheiro. A proposta, o PL complementar nº 164 de 2022, foi aprovada no Senado e teve urgência aprovada na Câmara.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, declarou que deputados devem votar na próxima semana um projeto para destinar parte da arrecadação de apostas esportivas e cassinos virtuais ao Fundo Nacional de Segurança Pública. Segundo ele, a proposta tem apoio de secretários estaduais. Haddad elogiou a iniciativa, citando que o fundo é considerado subfinanciado.