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Haddad deveria ir à próxima manifestação do MPL

O prefeito pode seguir o exemplo de Mário Covas em 2000.

Ele

“Haddad, cuzão, vai pegar buzão!”, gritou a multidão nos três protestos em São Paulo.

Eu perguntei a um dos rapazes do MPL: “Vocês não vão negociar com o prefeito?”

“Só se ele vier aqui”. E riu, voltando a seus afazeres.

Agora: por que Fernando Haddad não vai a uma manifestação? A ideia não é dialogar?

Ele teria um precedente interessante. Em 2000, o então governador Mário Covas resolveu entrar pela porta da frente no prédio da Secretaria da Educação. Professores estavam acampados ali. Covas discutiu in loco com os grevistas. Levou alguns sopapos, mas sobreviveu. A greve tomou outro curso.

Haddad disse em entrevista para o “Bom Dia São Paulo” que o MPL protocolou um pedido de audiência. “Eu disse que os receberia se não houvesse violência. Mas, na terça, nós tivemos 80 ônibus depredados”, afirma. “A cidade não pode se submeter a um jogo de tudo ou nada pela redução das tarifas. Não vamos iludir a população com a possibilidade de zerar a tarifa como se isso possível do dia para noite, envolvendo 6 bilhões de reais em investimento que precisariam sair de outras áreas da prefeitura”.

O MPL acusou-o de mentir. “A prefeitura nunca procurou formalmente o movimento para discutir a pauta do aumento”, disseram num comunicado oficial. Um encontro, ainda não confirmado, estaria marcado para terça.

A Câmara Municipal, um dos maiores ninhos de picaretas do universo, já deu seus sinais do costumeiro divórcio com a realidade. Na sessão de quarta-feira, petistas e pessedebistas chamavam os membros do MPL de “vândalos”, “criminosos”, “delinquentes” e por aí vai. Arselino Tatto (PT) falou em “agentes infiltrados”. Floriano Pesaro e Andrea Matarazzo, do PSDB, os xingaram de “criminosos” e “delinquentes”. Ninguém que importa ouviu, evidentemente.

Os manifestantes conseguiram galvanizar uma insatisfação. São escutados e ganham apoio da população, apesar das restrições aos confrontos. Eles estão aí e não adianta fingir que não existem ou achar que a polícia vai eliminá-los na porrada.

Haddad deveria dar esse passo corajoso. A próxima manifestação acontece na segunda-feira. Prefeito, dê um pulo no Largo da Batata. Só não esqueça o vinagre, por favor.

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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