Haddad diz que EUA cobram saída “inconstitucional” para tarifaço

Atualizado em 18 de agosto de 2025 às 11:19
Fernando Haddad, ministro da Fazenda – Foto: Reprodução

Fernando Haddad voltou a criticar o governo de Donald Trump por causa do tarifaço de 50% aplicado sobre produtos exportados pelo Brasil. Em evento realizado nesta segunda-feira (18), em São Paulo, o ministro da Fazenda afirmou que as negociações não avançam porque os norte-americanos insistem em uma solução “constitucionalmente impossível” de ser adotada pelo Brasil. Para Haddad, o impasse pode provocar queda ainda maior no comércio bilateral nos próximos meses.

“A negociação só não ocorre porque os EUA querem que atuemos contra a Constituição, de o Executivo se imiscuir em decisões do Judiciário”, disse Haddad, destacando que a pressão partiu diretamente do presidente estadunidense.

O ministro acusou Trump de transformar as tarifas em retaliação política por causa do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de tramar um golpe depois das eleições de 2022.

Jair Bolsonaro e Donald Trump – Foto: Reprodução

Segundo Haddad, a maior preocupação é a tentativa de interferência externa nas instituições brasileiras. “Regimes mais duros têm mais dificuldade de se abrir para o diálogo, a não ser que o outro regime seja duro”, afirmou, citando o encontro de Trump com Vladimir Putin. Ele também defendeu a tradição diplomática brasileira, afirmando que o país continua aberto ao diálogo, desde que dentro dos limites constitucionais.

O governo dos Estados Unidos instaurou uma investigação comercial contra o Brasil, alegando práticas desleais e interferência judicial contra plataformas digitais norte-americanas. A Casa Branca justificou o tarifaço dizendo que o Judiciário brasileiro estaria perseguindo politicamente Bolsonaro. O julgamento do ex-presidente no STF está pautado para 2 de setembro.

Para conter os danos econômicos, o governo Lula lançou o programa Brasil Soberano com medidas destinadas a ajudar os setores mais afetados pelo tarifaço.

A Medida Provisória prevê R$ 30 bilhões em crédito para pequenos exportadores, ampliação do seguro às exportações, compras públicas de produtos perecíveis e aumento temporário do benefício do Reintegra, que devolve parte dos impostos pagos na cadeia produtiva.