Haddad é o símbolo da luta dos livros contra as armas. Por Elika Takimoto

Atualizado em 11 de outubro de 2018 às 9:25

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DA AUTORA

Podem falar o que quiserem do PT, mas jamais ninguém aqui viu nem Lula, nem Dilma, nem Haddad como ameaça ao Estado de Direito brasileiro. Todos contribuíram fortemente para o alargamento das condições de afirmação da liberdade individual de milhões de brasileiros a quem o destino não concedia outra vida que não fosse a absoluta exclusão social.

Podem discordar de todas as políticas públicas, mas nunca ninguém viu nenhuma liderança do PT desrespeitar as regras da democracia liberal. O que vimos sempre foi um partido enfrentando diariamente a hostilidade de uma mídia que sempre trabalhou para o grande capital.

Vejo esse segundo turno com muita perplexidade porque não encontro nada que me mostra que estamos diante de um confronto político e ideológico normal. Pelo contrário, temos mais de 50 casos já registrados de violência por eleitores de Bolsonaro. Uma morte por facadas dadas nas costas de um homem negro, professor, que afirmou ser petista.

Bolsonaro e sua prole elogiam Carlos Alberto Brilhante Ustra que no tempo da ditadura militar, que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985, comprovadamente, maltratou física e psicologicamente centenas de pessoas e chegou ao limite de obrigar crianças a presenciarem o espancamento dos seus pais. Todos aqui se lembram que esse torturador foi homenageado por Bolsonaro, que dedicou o seu voto pelo golpe à “memória do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”. Bolsonaro revelou-se ali o que ele verdadeiramente é: um canalha.

Não há defesa pelo caráter de Bolsonaro, pois quem elogia o torturador de uma mulher  indefesa atribui-se a si próprio um atestado de animal irracional.

Não estamos numa democracia com esse candidato que se recusa a fazer o que mais é prezado nesse regime: o debate das idéias.

Estamos perante um verdadeiro confronto entre a civilização e a barbárie.

Impressiona e assusta o número de pessoas nesse país que tem como líder um sujeito intelectualmente medíocre, eticamente execrável e extremamente covarde, pois não toma sequer para si a responsabilidade do que fala.

A direita anda tão mal das pernas que tem como candidato um homem que foge de debates, que vive de fake news, que quer acabar com a educação pública.

Se pensam que o futuro do Brasil é educação, por que diabos escolhem um candidato que faz a maioria dos professores e das professoras entrar em desespero e em depressão com a possibilidade de ele ser eleito?

Haddad é, nesse contexto, mais do que o PT.

Haddad é o símbolo da luta dos livros contra as armas. Do diálogo contra a violência. Do debate contra o autoritarismo, a servidão e a anulação da inteligência crítica. Da civilização contra a barbárie.

.x.x.x.x.

Elika Takimoto é professora de Física.