Haddad: Juros altos derrubam arrecadação e atrapalham política fiscal

Atualizado em 11 de março de 2023 às 18:28
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Reprodução

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, questionou nesta sexta-feira (10), durante entrevista à CNN Brasil, como seria possível fazer uma política fiscal saudável com a atual condução da política monetária do Banco Central (BC).

“Como você quer que eu faça uma política fiscal saudável com uma taxa de juros que derruba a arrecadação e enfraquece a economia? Na verdade, essa divisão entre políticas monetária e fiscal é uma forma de pensar a economia que não consegue traduzir a complexidade desse organismo”, argumentou. “Tem dois braços, fiscal e monetário, mas eles têm de trabalhar juntos. Não é um esperando o outro fazer para depois começar a trabalhar”, afirmou o ministro.

Haddad disse ser necessário estabelecer uma “relação de confiança” entre as políticas fiscal e monetária no país.

“É uma relação de confiança que se estabelece entre as autoridades fiscal e monetária justamente para que ao observar na mesma direção, concorrendo para os mesmos propósitos, uma política fortaleça a outra. Não existe essa separação dessa maneira, não é assim que a economia funciona. O monetário afeta o fiscal e o fiscal afeta o monetário”, continuou.

A Selic vem sendo mantida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa básica de juros está no centro da ofensiva do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Ainda na entrevista, Haddad foi questionado sobre uma eventual preocupação com a reação do chefe do Executivo caso o Copom não reduza os juros na reunião marcada para o próximo dia 22.

Segundo o ministro, ele se preocupa com “o que está acontecendo no mercado”. “Quando a taxa [Selic] estava a 2%, os empresários sólidos tomaram empréstimo a 6%. Hoje, esses mesmos empresários estão rolando a 20%”, disse o ministro. Segundo ele, essa “virada foi muito forte”.

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