Haddad recebe apoio inédito de senadores bolsonaristas; entenda

Atualizado em 3 de julho de 2025 às 13:15
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recebeu o apoio inédito de dois senadores bolsonaristas a uma pauta no Congresso nacional. Cleitinho (Republicanos-MG) e Eduardo Girão (Novo-CE) declararam que são favoráveis à proposta para revisar supersalários no funcionalismo público.

A medida visa conter despesas públicas e reequilibrar o orçamento. Em seus discursos no plenário, ambos os senadores defenderam a necessidade de atacar gastos excessivos no setor público, como forma de ajudar na recuperação fiscal do país.

Cleitinho, conhecido por sua oposição ao governo de Lula, deixou claro que embora discorde de outras iniciativas, como a proposta do governo de elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ele apoia a medida de limitar os altos salários no serviço público.

“Faço oposição ao Lula, mas não faço oposição ao Brasil. A gente precisa tocar na ferida. O salário médio de juiz chega a R$ 65 mil, com aumento de 49% em um ano. Por que a gente não mexe nos supersalários dessa turma aqui? Se o Haddad mandar uma proposta, eu apoio. Traga esse projeto”, afirmou.

Ele ainda criticou outra proposta em andamento no Congresso, que prevê o aumento no número de deputados federais de 513 para 531. Segundo o senador, não faz sentido aumentar o número de representantes enquanto o governo é pressionado a cortar gastos.

“Todos os Poderes têm que pagar a conta. Não adianta apontar o dedo para o governo federal e dizer que o Lula tem que cortar gastos, se aqui a gente está aumentando [o número de deputados]”, prosseguiu o bolsonarista.

Girão também se alinhou com a proposta de Haddad e declarou que apoiaria uma eventual ação do presidente Lula para vetar o aumento no número de deputados federais.

“Eu apoio, defendo e vou além: falei há pouco com colegas da base do governo que, se o presidente Lula – e a caneta está na mão dele – vetar essa vergonha que foi o aumento do número de deputados federais, eu subo à tribuna e o aplaudo. Ou ele fica entre a politicagem dos políticos ou fica com o povo. Veta, Lula”, afirmou.

Os senadores bolsonaristas Eduardo Girão (Novo-CE) e Cleitinho (Republicanos-MG). Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

A proposta de revisão dos supersalários não é uma iniciativa nova. Ela foi aprovada pelo Senado em 2016, mas o projeto só foi analisado pela Câmara dos Deputados em 2021. Desde então, o texto aguarda nova deliberação dos senadores sobre as modificações feitas pelos deputados.

A proposta encontra-se atualmente parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, aguardando os próximos passos para uma possível aprovação final. O projeto mira os chamados “penduricalhos”, verbas extras que fazem com que os salários de servidores ultrapassem o teto constitucional.

O presidente Lula também tentou avançar com essa pauta em dezembro de 2024, quando enviou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visava restringir esses pagamentos. No entanto, o texto foi modificado pelo Congresso sob pressão do Judiciário, o que dificultou a aprovação final da proposta.