Haddad sobre tarifaço de Trump: “Brasil não será quintal de ninguém”

Atualizado em 23 de agosto de 2025 às 17:33
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Reprodução

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou duramente as tarifas de 50% impostas pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros e ressaltou que o país não aceitará abrir mão de sua soberania para manter relações comerciais. Em declaração neste sábado (23), Haddad afirmou que o Brasil tem “tamanho, densidade e importância” para garantir sua posição internacional e que não aceitará negociar “nas condições que estão sendo colocadas” por Washington.

Segundo o ministro, a decisão dos EUA atinge diretamente setores da indústria nacional e tem caráter político. Ele enfatizou que o Brasil não deixará de dialogar com os americanos, mas dentro de parâmetros de igualdade. “Jamais passou pela nossa cabeça abrir mão de parceria com os Estados Unidos, mas não nas condições que estão sendo colocadas”, disse Haddad, lembrando que a relação bilateral é histórica e não deve ser prejudicada por medidas unilaterais.

O ministro também destacou que o governo brasileiro não se orienta apenas por circunstâncias políticas de momento, fazendo referência ao atual governo norte-americano. “O governo Trump é temporário, e o Brasil e os Estados Unidos são Estados nacionais permanentes”, afirmou. Para Haddad, esse entendimento deve pautar as relações de longo prazo entre os dois países, que já tiveram boas parcerias em diferentes administrações.

As declarações foram dadas em entrevista a Globonews, no qual Haddad reforçou a ideia de que a política econômica brasileira precisa ser guiada pela defesa da soberania e pela busca de alternativas comerciais. Ele lembrou que o Brasil mantém diálogo com diversos governos e blocos econômicos, o que inclui as tratativas em andamento para ampliar acordos do Mercosul com a União Europeia, o EFTA e países asiáticos.

A fala do ministro ocorre em meio a uma crise comercial que afeta diretamente setores como máquinas, equipamentos, calçados e têxtil, mais dependentes do mercado norte-americano. Para reduzir os impactos, o governo já anunciou medidas como linhas de crédito emergenciais, suspensão de tributos sobre insumos importados e aumento na restituição de impostos para empresas exportadoras prejudicadas.

Haddad frisou que o momento exige firmeza política e capacidade de negociação. “Nós dialogamos com todos os governos. Em vários momentos, o presidente Lula, nos seus três mandatos, teve ótimas relações com presidentes americanos. Não há razão para que isso mude, mas não aceitaremos imposições que desrespeitem a soberania brasileira”, concluiu.