Hamilton Mourão revela o que quer esconder. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 23 de novembro de 2024 às 10:06
O ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão: ele minimizou a tentativa de golpe. Foto: reprodução

O general de quatro estrelas e ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão, se não fosse de fato quem realmente é, seria aquele sujeito que, em tempos mais normais e tranquilos, chamaríamos de “uma figura”.

E isso no pior sentido possível da expressão.

Sabe aquela pessoa que, de tão inepta, sem noção, inconveniente e incapacitada, todos mais ou menos conhecem e, quase por pena, se referem como “fulano é mesmo uma figura”?

Pois é.

Mas, para o desespero de toda uma nação, essa “figura” definitivamente não é Mourão, embora reúna todas as características citadas acima.

Personagem de destaque no Exército Brasileiro (e isso não é um elogio à instituição), Mourão embarcou na insanidade “Jair Bolsonaro presidente” sabendo exatamente quem era o sujeito e tudo o que ele foi, é e será capaz de fazer, caso a Justiça brasileira vergonhosamente assim permita.

Pois bem. Após ser pressionado a se posicionar sobre as evidências aterradoras que incriminam seu antigo superior no comando da tentativa de golpe contra a democracia brasileira e o Estado Democrático de Direito, o sempre sisudo Mourão resolveu fazer graça.

Para minimizar e desacreditar os fatos, em mais uma demonstração do poderio de seu QI, soltou esta pérola:

“Se meia dúzia de três ou quatro resolveram escrever bobagem, tudo bem. É crime escrever bobagem?”

Por questões de preservação da sanidade mental, evitarei comentar o cinismo do sujeito, mas é impossível ignorar a lógica desse iluminado que comandou milhares de soldados.

Primeiro, já seria coisa de um completo desinformado falar em “meia dúzia”, referindo-se aos envolvidos na trama golpista.

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Mourão e Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

Como até o reino mineral já sabe, até o momento foram 37 indiciados pela conspiração, dos quais nada menos que 24 pertencem ao corpo militar do país.

Isso, por si só, já seria um escândalo incomensurável em qualquer republiqueta mundo afora, mas, por aqui, o nosso atual senador da República quer fazer piada.

Contudo, a verdadeira revelação da criatura está na sua tentativa, inconsciente ou não, de minimizar o intento golpista que sempre permeou o imaginário (e as ações) dessa insultuosa instituição nacional chamada Forças Armadas.

Ao reinventar a matemática — do alto esplendoroso de sua capacidade cognitiva — e falar em “meia dúzia de três ou quatro”, o militar da reserva expõe o nível intelectual da caserna brasileira.

Não é à toa que o golpe deu com os burros (e aqui o termo é literal) n’água.

E, novamente, isso não é nenhum elogio às nossas forças democráticas, que, por muito pouco, não assistiram, inertes, à instalação de uma nova ditadura no Brasil.

Sei que pode parecer um detalhe, mas não me sai da cabeça que Hamilton Mourão, esse neandertal fardado, ao tentar tergiversar sobre o que os militares sempre desejaram para o país, acaba revelando que essa corja inteira só não alcança seus objetivos porque é mentalmente incapacitada.

Essa terra plana é mesmo uma desgraça. Nunca imaginei dizer isso, mas, sob um ponto de vista muito específico, devemos homenagear a burrice de alguns.

A de Jair Bolsonaro e tudo o que ele representa, à frente.

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Carlos Fernandes
Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina