Muitos trechos da história do escritor japonês Haruki Murakami já foram contadas por ele mesmo. E não me refiro aos de não-ficção. Seus romances têm elementos auto-biográficos fortíssimos, e talvez seja exatamente isso que os faz tão verdadeiros e palpáveis, mesmo quando brincam com o surrealismo, como é o caso de 1Q84, lançado no Brasil este ano.
O escritor nasceu no Japão após a segunda guerra mundial. Natural de Quioto, cresceu na cidade de Kobe e posteriormente morou em Tóquio e Nova Iorque.
Desde a infância, sofreu forte influência da cultura ocidental, especialmente na música e na literatura. Há quem diga que essa influência o distinguiu da maioria dos autores japoneses.
Murakami estudou teatro em Tóquio, e lá conheceu sua mulher Yoko – não, não é piada. E aqui já vale um parênteses: Murakami é grande fã dos Beatles. Seu primeiro best seller mundial foi Norwegian Wood, nome da música dos Beatles que o personagem principal, Toru Watanabe (um alter-ego do autor, assim como vários de seus personagens), gostava.
Logo após terminar os estudos, abriu um bar de jazz chamado Peter Cat, que funcionou entre 1974 e 1981. Ainda antes de fechar o bar, ele começou a escrever. Seu primeiro romance, “Kaze no Uta o Kike” (sem tradução para o português, mas literalmente traduzido como “ouça o cantar do vento”), foi publicado em 1979 e já teve algum sucesso local. Isso o que o encorajou a escrever o segundo em 1980 e mais três até 1985.
O sucesso já era nacional quando lançou Norwegian Wood em 1987. As vendas desse livro chegou à casa do milhão apenas no Japão, tornando-o um superstar em seu país. Sua fama mundial viria apenas em 1994, com o lançamento de Dance Dance Dance nos EUA.
Murakami tem 12 romances publicados, 6 não-ficções e dezenas de crônicas. Vendeu, apenas nos EUA, dois milhões e meio de livros. Tornou-se doutor honoris causa em Princeton. Foi considerado um dos maiores escritores da história por diversas publicações, como o jornal inglês The Guardian e a revista americana Time.
Neste ano, apenas com os rumores do lançamento de seu novo livro, criou frenesi no mercado literário. Livrarias no Reino Unido, antes de saber oficialmente a data de lançamento, começaram a planejar vendas antecipadas. Segundo uma vendedora da Foyles (o equivalente à Livraria Cultura no Brasil) em entrevista à BBC, é um tipo de esquema que só se faz para lançamentos de Murakami e Harry Potter.
Aos interessados, o nome do livro será “Shikisai wo motanai Tazaki Tsukuru to, Kare no Junrei no Toshi”, sem nome definido ainda para o Brasil, mas que o Google traduz como “quando você cria um multi-Saki que não tem uma cor, ano de sua peregrinação”. É certo que não será esse o nome, no entanto.
Murakami é um dedicado maratonista amador, conforme conta na não-ficção “Do Que Eu Falo Quando Falo De Corrida”. É também um grande fã de música. E é um dos gênios da literatura atual.
