Harvard, USP e PUC-Rio negam formação de empresário acusado de matar gari

Atualizado em 15 de agosto de 2025 às 19:03
O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior. Foto: Reprodução

Três universidades desmentiram informações acadêmicas declaradas por René da Silva Nogueira Júnior, empresário preso sob suspeita de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, em Belo Horizonte. O crime ocorreu após uma discussão de trânsito no Bairro Vista Alegre, na terça-feira (12). Segundo as investigações, René disparou contra a vítima e deixou o local caminhando. O perfil profissional do acusado no LinkedIn, onde constavam dados de sua formação, foi retirado do ar após o caso ganhar repercussão.

No currículo, René afirmava ter estudado na Harvard Business School, concluído mestrado em Agronomia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) e realizado um MBA na PUC-Rio. Em nota, Harvard informou não ter registro de formatura em seu nome. A PUC-Rio declarou não localizar registros de graduação ou MBA vinculados ao acusado. Já a USP informou que ele cursou apenas uma especialização, concluída em outubro de 2020, sem vínculo com a Esalq e sem caráter de mestrado. Com informações de O Globo.

A prisão em flagrante foi convertida em preventiva pelo juiz Leonardo Vieira Rocha Damasceno, que destacou a gravidade da conduta e a frieza após o crime. Segundo a Polícia Civil, o empresário foi localizado e detido em uma academia, onde treinava horas depois de deixar a cena do crime. O magistrado também determinou que o detento não fosse fotografado na unidade prisional e recebesse colchão e medicação controlada.

O gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos. Foto: Reprodução

Testemunhas relataram que o crime ocorreu após o caminhão de coleta de lixo, onde Laudemir trabalhava, bloquear parcialmente a via. O motorista manobrou para liberar passagem, mas René freou bruscamente, retornou e armou a pistola calibre .380. O carregador caiu, ele recolocou na arma, e então atirou contra o gari. Os garis que presenciaram a cena disseram que o acusado aparentava estar alterado e não quis aguardar a liberação da rua.

Durante a audiência de custódia, René alegou ter sofrido “situação constrangedora” no presídio, relatando ter sido questionado por agentes sobre o crime. Ele negou participação no homicídio, mas admitiu que havia arma de fogo em casa, registrada em nome de sua esposa, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, da Polícia Civil de Minas Gerais. A investigação apura se o armamento usado pertencia a ela.

O crime, cometido em plena luz do dia e motivado por uma breve retenção no trânsito, foi classificado pela Justiça como homicídio por motivo fútil. As autoridades afirmam que a ação demonstra desproporcionalidade e desprezo pela vida humana. O caso segue sob investigação da Polícia Civil mineira.