Heleno confirma o “foda-se” para o Congresso e explicita o sonho de uma ditadura. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 20 de fevereiro de 2020 às 6:30
Heleno e Bolsonaro

O general Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, confirmou o que saiu hoje no Globo a respeito de como ele encara a República.

Reproduzo uns trechos:

A pressão do Congresso para derrubar os vetos do presidente Jair Bolsonaro ao orçamento impositivo e controlar parte dos recursos de 2020 elevou a tensão no governo na reunião de ministros na terça-feira no Palácio da Alvorada.

Irritado, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, bateu na mesa, afirmou que o governo não deve ceder “às chantagens” do Congresso e orientou o presidente a “convocar o povo às ruas”. Bolsonaro, porém, pediu cautela e aconselhou a articulação política a costurar novo acordo.

A demonstração da irritação de Augusto Heleno com a pressão do Congresso em controlar parte do orçamento impositivo começou logo cedo, às 8h, durante cerimônia de hasteamento da bandeira no Palácio da Alvorada.

Heleno afirmou que o governo estava “negociando uma rendição” ao aceitar que o Congresso derrubasse parte dos vetos do presidente e pediu que os ministros Paulo Guedes, da Economia, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, refizessem a negociação com o Congresso para tentar manter todos os vetos.

Em áudio captado em transmissão ao vivo da Presidência pela internet, Heleno avaliou que o Executivo não pode aceitar “chantagens” do Parlamento o tempo todo.

— Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se — disse Heleno, na presença de Guedes e Ramos.

Segundo Heleno, a opinião é de sua “inteira responsabilidade” e fruto de “mais um lamentável episódio de invasão de privacidade” (?!?).

O general tem uma opção: fechar o Congresso. Esse é seu sonho, como o do chefe.

Para o STF, como se sabe, bastam um soldado e um cabo, que ele pode fornecer.

A outra parte, de “convocar o povo às ruas” é mais difícil, mas pode ser na ponta da baioneta.

O fundamental, porém, é ele expressar sua vontade: uma boa e nova ditadura, sem essa democracia para encher o saco.